As fitas magnéticas, que um dia foram o coração da gravação musical, hoje estão esquecidas em porões e caixas empoeiradas. Mas, nas mãos criativas do grupo japonês Open Reel Ensemble, esses rolos se tornam algo totalmente novo e fascinante: o JIGAKKYU. Formado por Ei Wada, Haruka Yoshida e Masaru Yoshida, o trio construiu um instrumento incomum que combina a tradição artesanal japonesa com experimentação sonora futurista.
O JIGAKKYU parte das antigas fitas usadas em gravadores de rolo dos anos 1970, esticadas em estruturas de bambu que lembram um arco de cordas, mas com um ar de experimento científico. Ao passar arcos de bambu sobre a fita ou dedilhá-la com diferentes tensões e velocidades, o grupo cria sons que vão de zumbidos etéreos e misteriosos a batidas ritmadas dignas de uma pista de dança. Pedais de efeito e amplificadores dão potência e textura moderna ao som, sem abandonar o charme analógico do material. O resultado é uma fusão entre o primitivo e o tecnológico, um verdadeiro elo entre épocas.
O som é moldado com precisão: a pressão e a velocidade do arco determinam se o resultado será um drone profundo e contínuo ou notas curtas e percussivas. A ideia nasceu da visão de Ei Wada, que enxergou nas velhas fitas um recurso artístico inexplorado. Inspirado pela tradição japonesa de unir ofício e inovação, ele cunhou o termo “instrumentos folclóricos magnéticos” para descrever o conceito.
Desde o ano 2000, o Open Reel Ensemble já se apresentou em importantes festivais internacionais, como o Sónar, em Barcelona, e o Ars Electronica, na Áustria, sempre recebendo elogios entusiasmados. O JIGAKKYU é mais do que um instrumento: é uma experiência sensorial que reinventa o passado para criar um som que não poderia existir em nenhuma outra época.
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