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Origami impresso em 3D mostra como dobrar plástico pode criar estruturas incríveis

O designer Matthew Lim resolveu levar a lógica milenar do origami para um território bem mais tecnológico. Em vez de papel, ele trabalha com origami impresso em 3D de plástico e prova que dobrar superfícies continua sendo uma das formas mais eficientes e engenhosas de criar estruturas complexas.

Em um vídeo recente, Lim apresenta várias peças que saem da impressora totalmente planas e depois se transformam em formas elegantes, resistentes e cheias de potencial mecânico.

A base de tudo continua sendo o princípio clássico do origami: padrões de dobras extremamente precisos, alternando entre dobras que sobem e descem.

Lim recria esses padrões no software Fusion 360, desenhando chapas planas com painéis rígidos e vincos finíssimos, com cerca de 0,2 milímetro de espessura, que permitem que o material dobre sem quebrar.

Ele também adiciona pequenos furos nos pontos onde as dobras se cruzam, evitando que o plástico se deforme ou se enrosque durante a impressão.

Para começar, ele escolheu algo simples, como o tradicional pássaro pajarita. Primeiro, Lim desmonta mentalmente o modelo de papel, mapeia cada dobra e depois ajusta o desenho para que o plástico tenha uma tendência natural a se fechar para um lado específico.

Depois de impresso, o resultado é um objeto que se dobra sozinho, com articulações flexíveis que aguentam repetidos movimentos. A partir daí, ele passa a testar os limites da técnica e parte para formas cada vez mais ousadas.

Um bom exemplo é o paraboloide hiperbólico, uma superfície curva e torcida que seria extremamente difícil de fabricar com métodos tradicionais.

Usando a lógica do origami e imprimindo a peça como uma lâmina fina, Lim consegue criar essa forma sem precisar de suportes e ainda demonstra como a dobragem permite obter estruturas complexas usando muito menos material do que o normal.

Outro projeto curioso é o chamado satellite flasher, inspirado em estruturas dobráveis usadas em missões espaciais.

O padrão tem dobras radiais que giram em torno do centro e permitem que a peça vá de totalmente compacta a completamente aberta com apenas um movimento de torção. Não há motores ou mecanismos escondidos ali, tudo funciona apenas pela geometria.

Nem tudo funcionou de primeira. Padrões mais densos, como a tesselação waterbomb, que se expande e se comprime com um movimento quase dançante, apresentaram problemas no início.

As dobradiças quebravam ou os painéis colidiam quando a peça tentava se mover. Ao estudar o conceito de origami com painéis espessos, Lim descobriu que deslocar certos painéis ao longo das dobras, usando um afastamento equivalente ao dobro da espessura do material, resolvia o problema.

Assim, ele conseguiu criar peças mais robustas, que dobram corretamente e ainda podem ser ampliadas para versões maiores.

Entre todos os projetos, um dos mais marcantes é a mola de Kresling, criada originalmente pela arquiteta Biruta Kresling. No ambiente CAD, Lim controla parâmetros como número de módulos, altura, comprimento e ângulo de torção.

A peça foi impressa em PLA em uma impressora da Bambu Lab e montada com pequenos encaixes por pressão, sem necessidade de cola. Dependendo da configuração, ela alterna entre dois estados estáveis ou se comporta como uma mola tradicional.

Quando vários módulos são empilhados com dobras alternadas, o movimento fica ainda mais interessante, já que a torção comprime as unidades em sequência.

No fim das contas, esses experimentos mostram como o origami sempre foi sobre eficiência: alcançar o máximo de resistência e funcionalidade usando o mínimo de material. Essa mesma lógica se encaixa perfeitamente na impressão 3D.

Ao imprimir superfícies planas e dobrá-las depois, é possível criar estruturas compactas, leves e móveis, sem articulações convencionais.

O trabalho de Matthew Lim deixa claro que dobrar plástico pode ser tão poderoso quanto dobrar papel, e abre caminho para ferramentas dobráveis, estruturas expansíveis e sistemas mecânicos surpreendentemente simples.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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