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A barbárie imperialista em Coração das Trevas, de Joseph Conrad

Coração das Trevas é a obra mais famosa do escritor britânico Joseph Conrad (1857-1942). Com enredo centrado nas missões europeias na África e seus interesses mercantis, a obra destila crítica e terror psicológico da barbárie imperialista, que surge do testemunho de um capitão.

A narrativa é desenvolvida dentro de outra. No início, a narração em primeira pessoa apresenta uma tripulação ancorada no rio Tâmisa, na espera da “viradas das águas” para seguir a viagem. A descrição dos detalhes da ambientação, especialmente o pôr do sol, cria a atmosfera densa das histórias que estão por vir do capitão Charlie Marlow.

Jogando papo fora durante uma partida de dominó, Marlow começa a divagar sobre a origem da Inglaterra, lembrando que já foi uma terra selvagem dominada pelos romanos. As conexões de ideias o transportam para um relato mais profundo e melancólico sobre o imperialismo britânico na África.

Um contador de história envolvente e magnetizante, Marlow narra como foi contratado para transportar marfim por uma companhia de comércio belga de extração da obra prima. O local era situado em um rio do Congo, em uma colônia de propriedade privada do rei Leopoldo II da Bélgica. No entanto, surge uma missão urgente para que ele encontre o famoso Kurtz.

Ao longo do trajeto, o homem se depara com atrocidades e explorações contra a população local em nome do lucro para a Europa. Cada vez mais gananciosos, abusivos e com poder absoluto, europeus subjugam os nativos como selvagens indignos de humanidade.

Kurtz é um deles. Chefe de um dos postos mais lucrativos de extração de marfim, ele é respeitado por toda companhia. Ainda que sua sanidade esteja em decadência há algum tempo. O homem articulou seu poder sobre a população local de uma maneira mais sutil e perversa, a ponto de se tornar um líder místico reverenciado por todos.

Coração das trevas é carregado de um horror psicológico que se desenvolve à medida que o bem se mostra disfarçado de mal e mergulhamos na escuridão que habita as profundezas do coração humano.

Publicada em 1902, a obra veio originalmente à público em uma série dividida em três partes na revista Blackwood’s Magazine. Embora tenha sido escrita em outro século, a leitura é fácil em relação ao vocabulário, e prazerosa e fluida com a escrita de Conrad.

Uma troca de oxigênio importante da literatura clássica, que a Antofágica traz à tona com sua proposta de reviver os clássicos através de edições primorosas.

Coração das Trevas vem no formato padronizado da editora, com capa dura e texturizada. Ao longo do texto traduzido por André Rubens Siqueira, surgem ilustrações de Cláudio Dantas.  

É uma surpresa boa cada chegada de um livro da editora. O jornal Gazeta Antofagense traz notícias relacionadas ao título enviado, e com ele um cartão postal de um morador de Antofágica – uma cidade em que são ambientados contos de Carlos Drummond de Andrade da década de 70, que nunca foram publicados.


Leia também: Antofágica traz um novo olhar sobre A Metamorfose de Kafka

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