Com muito carisma e bom humor, Ariel Ayres conversou com o Nerdizmo durante a Bienal do Livro de São Paulo sobre o seu trabalho com fantasia sertaneja, urbana e ficção científica. Autor de “A Selavoada” e “O Colar da Tinhosa“, da série Fogaréu Mágico, “O Dama do Abismo” e outros títulos, ele também é conhecido como compositor oficial dos autores indie, trabalhando em uma loja de música. Conheça um pouco mais sobre esse maravilhoso trabalho que transborda brasilidade.

Ariel Ayres

Como é trabalhar com toda essa criatividade em suas obras e músicas?

Ariel comentou que são processos diferentes. Em seus livros, seu trabalho começa com etapas de ideação para o tipo da história que deseja escrever, sobre seus personagens e o mundo que pretende construir, investindo bastante tempo no plano das ideias e pensando muito antes de começar sua obra, trabalhando num processo mais mecânico e ordenado. No entanto, com as músicas e trilhas sonoras para livros trata-se de um processo mais visceral, ou seja, íntimo e profundo, atrelado às emoções e sentimentos. Planejando muito pouco e se dedicando mais ao contato com o autor ou obra em questão, para conseguir traduzir tudo isso em música. Dessa forma mais independente ele consegue definir o ritmo, instrumentos, musicalidade e vozes, se diferenciando da escrita por ser mais emocional.

Ariel Ayres

Na construção das narrativas e músicas, como suas referências aparecem ou ajudam no seu trabalho?

Com sua série Fogaréu Mágico, uma fantasia sertaneja, Ariel trabalhou numa versão alternativa e mágica do sertão brasileiro em “A Selavoada” e “O Colar da Tinhosa“, com um terceiro livro em desenvolvimento. Sérgia, uma Tinhosa (uma raça mágica com um demônio no corpo), que busca um dos lendários Artefatos Mágicos numa aventura com muito humor e mitologia brasileira, encontrando lobisomem, labatut, quibungo e muito mais. O consumo de muitas obras de fantasia, seu gênero preferido, e buscando sempre diversificar o estilo de suas leituras, de Agatha Christie à Isaac Asimov, todos livros descobertos por Ariel acabam auxiliando na construção do seu estilo, inclusive tendo muita referência de O Auto da Maga Josefa, de Paola Siviero, e trazendo um pouco desse mundo para sua obra.

Bahia de Lagos, um conto em uma antologia A Lua É Sempre a Mesma (Agência Magh), por exemplo, carrega suas referências vindas dos games que o autor gosta de jogar. O Dama do Abismo, outro conto publicado por Ariel, carrega influências do horror cósmico de H.P. Lovecraft e Edgar Allan Poe. Esse caldeirão de referências também existe em suas músicas, sem que o autor separe as coisas por tratar arte como algo muito conectado em suas várias formas de se expressar.

Ariel Ayres

Além de escrever e compor, como você trabalha o visual que acompanha e faz parte das suas criações?

Publicitário por formação e com experiência como designer, Ariel comentou que não consegue visualizar as artes das capas para seus livros. Sem ser por falta de tentativa, ele já tentou trabalhar o visual que representa seus contos, livros e todo trabalho independente que já realizou, mas acaba contando com o apoio de ilustradores e artistas para essa missão. As capas da série Fogaréu Mágico, por exemplo, foram feitas pela ilustradora Anita Ayres (sua irmã) e que recebeu apenas as informações sobre se passar no sertão e ter uma vibe da festa de São João, sem muitos mais detalhes. Esse espaço permitido pelo autor ao artista permite resultados maravilhosos como o que podemos encontrar em A Selavoada e O Colar da Tinhosa.

Ariel Ayres

E para o futuro, o que podemos esperar do seu trabalho daqui para frente?

Ariel está trabalhando na publicação de um livro que já terminou de escrever, com fantasia urbana e muito romance, aguardando retorno de algumas editoras que estão avaliando seu trabalho. Uma história sobre um agiota e sua amada, que após pegar dinheiro emprestado acaba morrendo e ele parte para o inferno em busca dela, com referências ao Mito de Orfeu e a Divina Comédia, de Dante Alighieri. Além disso, o autor está no processo de reescrita do terceiro volume da série Fogaréu Mágico, além dos estágios iniciais de um novo romance contemporâneo com referências à Bonnie e Clyde.

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