Capas de álbuns são o elemento fundamental para criar a identidade visual de uma banda. Uma arte que se transforma junto das novas tecnologias, que mudaram a maneira como nos relacionamos com a música.

Das figurativas, psicodélicas ou minimalistas, algumas dessas artes se estabeleceram como emblemáticas. E muitas encontram inspiração na ciência — em alguns casos, não só como capa, mas do álbum como um todo.

Pink Floyd — Dark Side of The Moon

Não poderia começar com outra capa senão a do oitavo álbum da banda, de 1973. A imagem do prisma newtoniano envolveu o nome Pink Floyd em uma identidade unificada.

Na arte, a ideia de transformação poderosa. Que evoca não apenas a psicodelia da música, mas a subjetividade em torno do fio de luz branca que se refrata em forma de criatividade, metamorfose e desordem mental — assuntos base da construção do álbum.

Joy Division — Unknown Pleasures

A imagem do álbum de estréia da banda de pós-punk, lançado em 1979, é outro ícone desse produto cultural. Assinada por Peter Saville, a arte reproduz o padrão das ondas de rádio do primeiro pulsar descoberto: PSR B1919+21.

Pulsar, também conhecida como supernova, é uma pequena estrela de nêutrons muito densa, constituída de resíduos de estrelas que entraram em colapso.

Uma boa metáfora para o isolamento e alienação existencial abordados pela banda.

Transmission

O single Trasmission, também de Joy Division, tem como arte uma nebulosa (núvem de poeira, hidrogênio e plasma), região onde se formam as estrelas.

Muse — 2nd Law

O sexto álbum da banda inglesa de rock alternativo, de 2012, leva o nome da segunda lei da termodinâmica, mas reproduziu do projeto Human Connectome a imagem de um mapa de conexões do cérebro humano.

As cores vivas e neon representam o rastreamento dos circuitos neurais quando processamos informações.

Strokes — Is This It

Uma fotografia de faixas de partículas subatômicas em câmara de bolhas estampa o primeiro álbum da banda de indie rock, lançado em 2001.

New Order — Blue Monday

Lançada como single em 1983, a música do grupo inglês recebeu a imagem de um disquete, projetada por Peter Saville.

Velvet Underground — VU

A capa da coletânea, de 1985, apresenta um voltímetro ou indicador de volume padrão, abreviado como “VU”, em inglês, assim como o nome da banda.

John Martyn — Solid Air

Lançado em 1973, o quarto álbum do cantor de folk exibe uma fotografia Schlieren — um processo visual usado para capturar a variação de densidade de diferentes fluídos.

Dawn of Midi — Dysnomia

O artista suíço Fabian Oefner, que mistura ciência e fotografia usando experimentos simples, concebeu a arte do segundo álbum da banda americana. Na capa, um fluxo turbulento.

Talking Heads — Remain in Light

O quarto álbum da banda, de 1980, não apresenta uma arte inspirada, mas sim conduzida pela ciência: uma das primeiras capas manipuladas digitalmente.

Nirvana — In Utero

Um álbum visceral como o terceiro e último trabalho da banda, lançado em 1993, só poderia estampar a anatomia do corpo humano.

A capa traseira é uma colagem criada pelo próprio Cobain, que consiste em fetos e partes do corpo deitadas em uma cama de flores. A arte foi fotografada por Charles Peterson.

Death — Human

O quarto disco, de 1991, que entrou para a lista dos 100 maiores álbuns de guitarra de todos os tempos, também exibe a anatomia humana, mas claro, com aquele gore característico das bandas de extreme metal.

Metallica — Death Magnetic

Uma capa fúnebre que faz jus ao nome do nono álbum, de 2008: ondulações magnéticas em volta do caixão.

Tomita — Space Walk

Os álbuns de Isao Tamita, tecladista e compositor de música japonês, sempre apresentavam artes que conversavam com seu estilo eletrônico e seus arranjos de sintetizadores analógicos. Dignas de ficção científica.

Esta capa, especialmente, presta uma homenagem às missões espaciais e figura o passeio sugerido pelo título.

Ministry — The Mind is a Terrible Thing to Taste

O raio-X do quarto disco, lançado em 1989, remete ao ruído industrial que a banda produz. Também levanta, de maneira subjetiva, a fascinante ideia de poder ver através de alguém.

Coldplay — X&Y

Na arte, a tradução do título em código binário, na qual cada bloco colorido representa um 1, e cada espaço vazio um 0.

Uma homenagem ao Código Baudot: o primeiro meio de comunicação digital. Criado por Émile Baudot, em 1870, foi o método de comunicação telegráfico mais utilizado até meados do século XX.

Brian Eno — Apollo: Atmospheres & Soundtracks

Este álbum do músico e compositor britânico, de 1983, apresenta a imagem da superfície lunar.

O som ambiente imersivo das faixas foi trilha sonora dos filmes 28 Days Later, Traffic e Trainspotting.

Led Zeppelin — Early Days and Latter Days

Para a capa do segundo volume do Best Of da banda, de 1999, os integrantes posaram como legítimos astronautas da NASA.

Pink Floyd — Meddle

O sexto álbum, de 1971, leva a fotografia de Bob Dowling que representa uma orelha debaixo d’água coletando ondas sonoras.

Voyager Golden Record

Para finalizar, o disco que está a bordo das naves Voyager, levando nossa cultura como uma capsula do tempo através do cosmos. Músicas, imagens e línguas que constituem a história da nossa civilização viajam em busca de possíveis companheiros intergaláticos. Sondas lançadas por um projeto conduzido por ninguém menos que Carl Sagan.

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