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Ahsoka – Episódios 1 & 2 | Crítica: O Caminho Jedi

A personagem Ahsoka Tano é, de longe, uma das figuras mais relevantes que já foram criadas pela franquia Star Wars. Todos os materiais publicados mostram como foi sua vida por completo, desde que era uma bebê (Histórias do Jedi), passando pela juventude (Star Wars: A Guerra dos Clones) e até o início da sua fase adulta (Rebels). Agora, vemos uma sequência direta de suas aventuras com Sabine Wren, Hera Syndulla e Huyang para tentar localizar o paradeiro de Ezra Bridger e do Grande Almirante Thrawn.

Passando por todas essas fases e pelas participações da personagem em The Mandalorian, não houveram muitos momentos de sua história que o arco de Dave Filoni não tenha preenchido. No entanto, a sua missão tinha de chegar ao fim e algum momento e esta série da Disney+ chegou para cumprir esta tarefa – em live-action, trazendo ela como protagonista de sua própria trama pelas mãos de Rosario Dawson.

Este combo de episódio duplo serviu para dar ao público e aos fãs da personagem uma boa noção do que veremos no seriado, além dos personagens que nos acompanharão até o último episódio. A ex-aprendiz de Anakin Skywalker está pronta para seguir o rastro de Thrawn – que até então acreditavam estar morto e encontrar, de tabela, Ezra. Ainda assim, isso não ocorreria sem alguns conflitos entre os antigos aliados do grande herói de Rebels.

Seguindo os rastros de Ezra Bridger e do Grande Almirante Thrawn

Uma novela em Ahsoka

Apesar das batalhas com sabres de luz e até conflitos maiores que vimos em Ahsoka, o que mais me intrigou é o principal confronto da personagem: o ideológico, contra Sabine Wren. Antigas aliadas e ex-mestre e aprendiz, agora ambas seguem caminhos opostos. Ainda que tenham a mesma ideia de salvar Ezra Bridger de seu destino, elas não concordam em seus termos e isso cria uma grande discussão e climão entre ambas.

É notável o quanto Rosario Dawson e Natasha Liu Bordizzo investiram para entregar este drama “pastelão”, ao maior estilo de novela das 21h com uma relação abalada pelo tempo. Sempre que há um diálogo entre ambas, independente do que se trata, elas brilham em cena. Se torna perceptível o quanto a vida impactou a antiga “Cavaleira Jedi” (como é chamada pela sinopse) e o que Sabine ainda sente por tudo que foi perdido durante a batalha de Lothal.

E não pense que eu chamo de “novela” de forma pejorativa, já que eles executam este fator de uma forma boa durante os episódios. Até mesmo o diálogo de Huyang (interpretado por David Tennant) e Sabine tem todo um charme, com o robô afirmando que ela seria uma péssima Jedi…mas que isso não devia impedí-la de seguir o caminho que escolheu para si. As nuances agradam e trazem um enriquecimento maior para a história que estão montando no formato live-action.

Até mesmo Hera tem bons diálogos no seriado

Como eu disse acima, Ahsoka agrada pelo visual e uma trama consistente – trazendo também outros personagens quais chamaram bastante a atenção. O mercenário Baylan Skoll, por exemplo, é um dos que mais me deixou curioso – principalmente pela sua dualidade de ideais. Em certos momentos, ele é um perfeito vilão enquanto executa quem estiver no seu caminho como um Sith. Em outros, se lembra com carinho do Conselho Jedi e até se sente mal por perseguir a protagonista. Isso será divertido, pode apostar.

Já em questão dos efeitos visuais, em alguns poucos momentos deu para sentir que tiveram de preencher isso de forma acelerada. Porém, em outros se mostra uma preocupação extremamente irrelevante – com visuais que impressionam e trazem o melhor do que podíamos esperar de um produto Star Wars. Não sei se isso foi mais aplicado por ser a grande estreia, mas os demais comprovarão se finalmente a Disney está no caminho certo do CGI ou não.

Quando os sabres brancos brilham, se prepare para um bom combate

Um foco diferente

Com uma história consistente, personagens interessantes e um arco direto e sem firulas, não tenho do que reclamar do que vi em ambos os episódios. Na verdade, até tenho, mas não em relação à sua estrutura, mas sim com um fator curioso e que na realidade nem contava com isso. A série leva o nome de uma personagem, tem como proposta encerrar o seu arco e trazer um grande desfecho para a busca de Ezra Bridger. Então, com tudo isso em mente, porque senti que a protagonista na verdade é Sabine Wren?

Em todas as mídias que assisti com a presença de Ahsoka Tano, ela sentia o peso das decisões que tomou e das coisas que aconteceram em sua vida, mas ainda assim tinha um certo charme. Até mesmo em The Mandalorian, ela faz uma graça ou outra e não age de forma tão séria e contida. Porém, não sei o que se passou na mente de Dave Filoni, mas senti como se ele quisesse a retratar como um Obi-Wan Kenobi – silenciosa, reflexiva, mais cautelosa em relação aos eventos.

Enquanto isso, Sabine recebe todo o destaque e elementos de uma protagonista: ela é imprudente, ela vai contra todas as regras e normas que impuseram e, temos de combinar, carrega sozinha todo o estilo – seja com a armadura de mandaloriana ou em sua moto, enquanto foge de naves de autoridades. Para se criar um personagem principal de qualquer obra, tem de estar atento em uma série de fatores para torná-lo carismático e montar a sua jornada. E são estes mesmos elementos que ela preenche facilmente.

Natasha Liu Bordizzo interpreta Sabine Wren

Não digo que isso permanecerá, com os próximos se aprofundando ainda mais na saga da antiga aprendiz de Anakin Skywalker – contando até com a presença do mesmo, com a interpretação de Hayden Christensen. Porém, esta mudança de foco no início me deixou um pouco confuso em relação à intenção do que desejaram trazer. Tornar a própria protagonista em algo não-relacionável e trazer sua antiga aliada com todos os pontos que chamam a atenção não me pareceu tão certo assim.

Vamos ser honestos, isso não faz a série ser ruim. Inclusive, eu gostei muito da consistência e da forma como os dois episódios foram mostrados – se assemelhando a um grande filme que prepara o público para uma saga ao estilo Star Wars. Incluindo o texto subindo na tela durante o início do primeiro episódio, que me deixou em uma hype que não conseguiria explicar nem se eu quisesse muito. Recomendo bastante, ficando aqui apenas o desejo de ver a protagonista tomando o centro do palco para si e trazendo ainda mais a história para perto dela.

Ahsoka está sendo exibida pela Disney+ no formato semanal, todas as terças-feiras a partir das 22h. Veja mais em Críticas de Série!

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