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Algo inesperado está destruindo os satélites Starlink de Elon Musk

Com mais de 7 mil satélites Starlink em órbita, cientistas estão aproveitando essa gigantesca constelação espacial como uma espécie de laboratório em tempo real para observar como a atividade solar pode interferir na vida útil desses pequenos equipamentos. E os resultados não são nada animadores para a SpaceX: tempestades solares intensas estão acelerando a reentrada dos satélites na atmosfera, fazendo com que queimem antes do previsto.

Segundo a revista New Scientist, o fenômeno tem se mostrado ainda mais severo agora que o Sol se aproxima de seu período mais turbulento, o chamado máximo solar, que ocorre a cada 11 anos. Durante essas fases mais ativas, o Sol lança partículas carregadas contra a Terra, e isso tem impactado diretamente os satélites. Denny Oliveira, pesquisador do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, explicou à publicação que, em épocas de tempestades geomagnéticas, os satélites caem mais rápido do que o esperado, mesmo considerando o desgaste natural que já enfrentariam em órbita.

Esse tipo de efeito não é exatamente novo, mas a escala atual da constelação Starlink é inédita. Pela primeira vez na história, há tantos satélites orbitando o planeta ao mesmo tempo que ficou possível estudar com mais detalhes o impacto cumulativo da atividade solar. Entre 2020 e 2024, nada menos que 523 satélites da Starlink reentraram na atmosfera, e a expectativa é de que em breve essa frequência atinja um por dia.

A astrofísica Samantha Lawler, da Universidade de Regina, destacou que este é o primeiro máximo solar da chamada “era das mega constelações”, e que por isso esses dados são cruciais. Inclusive, em 2022, uma dessas tempestades solares foi tão forte que derrubou 40 satélites de uma só vez. Já em 2023, o próprio Elon Musk alertou que o serviço da Starlink estava apresentando instabilidade por conta de uma forte tempestade espacial.

Os satélites da Starlink são projetados para descer de forma controlada ao fim de sua vida útil, ou serem puxados naturalmente pela gravidade em caso de falha. Mas o problema é que, com a aceleração desse processo provocada pela atividade solar, pedaços dessas estruturas podem sobreviver à reentrada e cair na Terra. Um exemplo aconteceu no ano passado, quando um fragmento de satélite foi encontrado em uma fazenda no Canadá, caso reconhecido oficialmente pela própria SpaceX.

Com milhares de satélites ainda planejados para lançamento nos próximos anos, cresce a preocupação de que esses detritos espaciais possam atingir o solo com mais frequência. Como alertou Samantha Lawler: “Se já encontramos um pedaço aqui, quantos outros não passaram despercebidos?” A resposta, por enquanto, ainda está lá em cima, girando em torno da Terra, mas não por muito tempo.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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