Em mais um episódio que revela o descompasso entre grandes estúdios e diretores autorais, Ari Aster, cineasta por trás de Hereditário, Midsommar e Beau Tem Medor, contou em entrevista ao Semafor que foi procurado para comandar Morbius, o filme do universo do Homem-Aranha da Sony que virou motivo de piada mundial.
“Uma vez a Marvel me chamou”, revelou Aster, hesitando logo em seguida. “Acho que não devia falar isso… Devo? Me chamaram para dirigir Mobius? Ou era Morbius?”, brincou, confundindo o nome e deixando claro o quanto a ideia era absurda até para ele mesmo. Afinal, como esperar que um diretor conhecido por mergulhar em traumas, psicodramas e horror psicológico pudesse estar à frente de um longa de vampiro estrelado por Jared Leto, pensado para expandir um universo cinematográfico que mal se sustenta?
O convite soa tão fora de lugar quanto chamar Béla Tarr para dirigir Venom 3. Não que Ari Aster e Tarr sejam comparáveis, mas há um certo desespero nessa tendência de estúdios que acreditam que associar um nome de prestígio a uma franquia automaticamente vai elevar a marca. No fim, soa mais como um pedido de socorro disfarçado de aposta criativa.
Morbius, dirigido por Daniel Espinosa, estreou em meio a críticas pesadas e virou meme instantâneo, com sua recepção tão ruim que o filme acabou ganhando fama pelo fracasso. Chegou a ter até 11 roteiristas diferentes envolvidos durante o desenvolvimento, um sinal claro de confusão criativa. Hoje, o longa amarga 15% de aprovação no Rotten Tomatoes, um resultado que talvez nem o toque de um diretor como Aster conseguiria salvar.
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