A FromSoftware decidiu sair um pouco do gênero soulslike para dar vida a Armored Core VI: Fires of Rubicon, novo capítulo da franquia cibernética e cheia de confrontos entre robôs. No entanto, não dá para dizer que a desenvolvedora não aprimorou ainda mais seu trabalho ao longo da última década e traz para o cenário toda a dificuldade que tanto prezaram com o passar dos anos.
Unindo os combates mais difíceis com todo o clima construído durante os últimos cinco capítulos, eles atingem o seu ápice e entregam não apenas uma qualidade de gameplay, mas também um visual digno de nova geração. Considerando que tivemos um vácuo de 11 anos entre o quinto capítulo e este novo jogo, é até difícil comparar com aqueles que vieram anteriormente, mas acredite: este é o título definitivo de máquinas que tanto esperou para jogar.
Entre os famosos duelos, exploração das fases e uma diversidade absurda dentro dos combates, tanto a FromSoftware quanto a Bandai Namco acertam novamente. Porém, fique alerta: a experiência exige uma paciência gigantesca, tanto para superar os desafios que aparecem diante de seus robôs quanto para estudar as peças com o fim de vencer os próximos combates. Afinal de contas, não será apenas um “construa qualquer coisa e tudo dará certo”.
Os combates em Armored Core VI
Conforme afirmei acima, os fãs que estiverem com Armored Core VI: Fires of Rubicon nas mãos precisam ter uma paciência quase que divina para analisar todos os detalhes e montar a melhor composição para cada circunstância que tiverem pela frente. Ele é tão detalhado e cheio de nuances que a troca de uma simples peça pode comprometer toda a sua performance e minar as suas chances de passar das fases.
Cada elemento pertence a uma classe e precisa ser usado adequadamente. Uma das máquinas que enfrentei, por exemplo, ocupa um grande espaço e seus movimentos tem um grande alcance – porém, tudo em solo. Ou seja, o ideal seria usar uma perna no formato “aranha”, que permite que você flutue até sua energia se esgotar e assim dar uma chance de vitória. Já o helicóptero AH12 AC, o primeiro chefão, exige um pouco mais de estratégia do que componentes bons.
Estes exemplos eu utilizei apenas para ilustrar uma parte do que terá de fazer, já que o título segue muito além destas situações. Há grandes inimigos que só recebem danos pelas costas, outros que não causam tanto dano – porém, disparam uma infinidade de projéteis e por aí vai. Sua própria habilidade com armas, uso de equipamentos com lâminas ou não, estilo de mísseis, velocidade de suas pernas, energia que tem para gastar e até a quantidade de tiros são vitais para determinar a vitória ou derrota.
Sendo bem honesto, eu mesmo não botei muita fé em Armored Core VI: Fires of Rubicon até me deparar com a “primeira travada”. E nem foi com o AH12 AC. Se você é daquele tipo de jogador que prefere não pensar muito e só cair na porrada, sinceramente, nem recomendo que explore muito a ideia de comprá-lo. Não que seja algo muito seletivo, mas a FromSoftware realmente investiu toda a sua experiência de souslike nele e permite que apenas os que mais se aprofundarem prossigam.
Neste aspecto, não acho que a experiência seja ruim. É difícil? Demais e olha que eu já vim calibrado por Elden Ring e Sekiro: Shadows Die Twice. Impossível? Não. O caso que citei de ter “travado” em um determinado momento, inclusive, eu cheguei muito perto de vencer a máquina em muitas das tentativas. No entanto, nada do que eu tinha em mãos era o suficiente para vencê-la. E quando era, a ansiedade e a vontade de acabar logo com a batalha me comprometiam. Consegue compreender?
Explorando Rubicon
Já em termos de história, sinceramente, não é o ponto forte de Armored Core VI. Você é um mercenário que foi enviado para Rubicon, sob as ordens de um contratante que tem motivos ocultos para manter você ali e torcer por suas vitórias. Alguns outros são inclusos conforme você avança, porém em simpatia e diálogos não dá para exaltar muito o que a FromSoftware tentou fazer ali. Isso nem importa tanto, mas como todos sabemos que há pessoas que focam apenas nisso, sempre é bom citar.
As fases também não são tão gigantescas, considerando o poder da atual geração de consoles, além de incluir a famigerada parede invisível para te travar em certos trechos. Não entre na aventura pensando que terá uma total liberdade de exploração ou cenários de combate colossais. Na maioria das vezes são áreas cercadas ou com uma delimitação um pouco maior por conta dos próprios oponentes.
De tudo o que eu citei, apenas as paredes invisíveis comprometem a ação. Muitas vezes você está voando e atirando ou está tentando escapar de uma verdadeira tsunami de mísseis e acaba batendo nelas. O resultado disso, geralmente, é no seu robô sendo atingido e destruído. A parte que mais me impressiona é de que a parede apenas te limita, mas se mantém completamente aberta aos seus oponentes. Ou seja, eles podem atravessá-las normalmente e você não.
Já em relação aos cenários, eu me surpreendi positivamente com toda a proposta de Armored Core VI: Fires of Rubicon. Campos de neve com várias bases militares, fornalhas, uma cidade derrubada pela guerra, pontes e até mesmo um robô (que faria inveja ao time de desenvolvimento de Shadow of the Colossus, diga-se de passagem) que está parado no meio do deserto vão te deixar boquiabertos – seja pela beleza da composição ou pela autoridade que provocam.
Se, assim como eu, você sente falta dos bons tempos da franquia no primeiro PlayStation, eu recomendo bastante que invista um tempo para jogar e se divertir com a experiência. Não é exatamente como nos lembrávamos, porém consegue se tornar ainda melhor do que o sentimento de nostalgia. Além disso, não é uma aventura longa – porém, acredite quando eu digo que você passará mais tempo morrendo e voltando para combater os oponentes do que explorando tudo no geral.
Simplicidade é tudo
Por fim, vale notar que a proposta de Armored Core VI: Fires of Rubicon é extremamente simples e sem muita enrolação. Você monta o seu robô, entra em uma missão ou duelo, vence e obtém itens/dinheiro para adquirir mais equipamentos. Dá até para subir de classe conforme avança, desbloqueando ainda mais itens e até expansões para a máquina ter novas habilidades. Há também o modo fotografia, que sempre está presente para ajudar nas prints do público.
A história, apesar de existir, não é lá essas coisas e está ali apenas como pano de fundo para te botar no meio do fogo cruzado da arena. O gameplay, no entanto, é extremamente competente e te permitirá ter um controle muito maior sobre o seu personagem. Cada botão representa uma das armas e lança-mísseis, o que garante comandos mais responsivos se o jogador contar com a agilidade do reflexo.
No entanto, não vá nessa onda se está pensando que encontrará algo semelhante a Elden Ring, Dark Souls ou Bloodborne. Ainda que mantenham a dificuldade, o estilo e até mesmo a sua desenvoltura é completamente distinta e poderá te frustrar. Caso tenha curiosidade no modelo ou já venha dos capítulos anteriores da franquia, o novo AC6 é recomendadíssimo e te fará investir muito de seu coração (e alma) para produzir a máquina perfeita de combate.
Armored Core VI: Fires of Rubicon já está disponível no PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series e computadores.
Nota: 4/5
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