Cinema Especiais

Avatar, um legado de 13 anos

Com a chegada de Avatar: O Caminho da Água nesta semana e uma crítica que chegará ao site assim que o filme lançar, eu decidi finalmente assistir ao filme de 2009 pela primeira vez. Pois é, caros leitores, podem rasgar a minha carteirinha nerd porque não tinha visto de forma alguma o longa-metragem no passado. Nem naquela época ou DVD, sequer quando chegou ao Disney+.

Seja por desinteresse ou falta de oportunidade, acabei pulando este gigantesco blockbuster dos cinemas e uma das maiores obras de James Cameron. Minha reação era sempre a mesma “Será isso tudo?”. Convenhamos, com o excesso de séries e filmes que temos nas plataformas de streaming, gastar quase 3h em um só não me parecia nada atrativo. Seriam três episódios daquela série bacana que estava maratonando, seis do desenho que estou doido para acabar a temporada, enfim, vocês sabem bem.

Neste fim de semana, com um pouco de tempo livre de sobra e a nova produção já batendo na porta, resolvi confrontar esta barreira que criei e finalmente assisti ao longa. Foram 13 anos evitando vê-lo, inclusive virando um pouco o nariz acompanhando ele sendo almejado por Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato nas bilheterias. Sentei no sofá após o café da manhã caprichado do domingo, liguei a TV e abri a Disney+. E o que vi mudou toda a minha percepção que tinha sobre a obra.

É indescritível assistir ao filme ainda em 2022

Atrasado na franquia Avatar

Vamos ser ainda mais diretos, para mim o único Avatar apto a usar o nome era o do desenho animado, protagonizado por Aang. Um monte de alienígenas azuis com o corpo alongado só geravam uma negativa com a cabeça e alguma piadinha sem graça. O tempo voou, eu passei dos 30 anos de idade, uma sequência grande está vindo e a facilidade que as plataformas oferecem foram o combo ideal para eu dar uma chance. Afinal de contas, não ousaria deixar vocês sem nossas críticas aqui, principalmente dele que parece ser um “evento geek” dessa década.

Eu abro mão de todo o orgulho ao afirmar aqui que não localizei, de forma alguma, qualquer defeito que comprometesse o filme ou o trabalho dos atores e de James Cameron. Pessoal, nem mesmo os efeitos visuais datados de antes de 2010 fazem feio, principalmente em comparação ao que vejo em algumas obras daquele determinado estúdio de super-heróis. Claro que algumas coisas são visíveis da época, mas nem assim você sente estar assistindo a algo “feio”, sabe?

Caso você estivesse como eu e não saiba do que se trata, a história é focada em Jake. Ele perdeu o seu irmão gêmeo, um cientista renomado, e também o movimento de suas pernas. O personagem vivido por Sam Worthington era um fuzileiro e é o único que pode integrar o projeto onde incorpora um dos ETs azuis com o plano de fazer parte de sua sociedade e compreender seus costumes. Tudo isso para obter as riquezas do planeta Pandora, intocado pelo homem até então.

Quanto mais Jake aprende sobre a cultura dos na’vi, mais dificulta sua missão

O que tinha tudo para ser um baita de um drama, se torna extraordinário nas mãos do elenco e dos produtores de Avatar. Eles têm todo o cuidado com o desenrolar do enredo, crescimento dos personagens, construção de toda uma cultura, apresentação de todo um ecossistema, proximidade de ameaça e sentimentos que envolvem as motivações de cada um, chega a ser impressionante como tudo isso é trabalhado de forma tão profunda quanto vi.

Inclusive cheguei na derradeira pergunta: como ousei ficar tanto tempo sem assistir este espetáculo do audiovisual? Meus caros, quando alguns produtores falam sobre o “cinema de verdade”, este longa é uma das definições daquilo que dá significado ao discurso deles. Enquanto muitos viram e só enxergaram mato para tudo que é lado, na verdade é toda uma simbologia que faz justiça à demora para este filme ser concebido inicialmente. Imagino o quanto a 20th Century Fox deve ter apostado alto e isso foi extremamente recompensador: tanto para quem assistia quanto para os seus bolsos.

Há cenas que marcam a memória do público

A mitologia ainda vai longe

Este é, sem sombra de dúvidas, o “Star Wars”, “Senhor dos Anéis”, “Duna” e qualquer outra franquia geek que virou uma mitologia própria em nossa geração. Não é só um filme, assim como “O Caminho da Água” não parece ser apenas uma sequência para obter mais grana. Óbvio que é um dos objetivos finais, porém acredito que haja muito a mais do que apenas isso. A impressão que tenho é que estão desenvolvendo uma verdadeira lenda em nossa frente.

Jake é o grande herói de Avatar, mas Pandora e a história daquela espécie vai ultrapassá-lo, com certeza. Assim como Luke Skywalker e os Jedi. O próprio diretor já afirmou que o segundo filme será focado no tema “família” e em como construímos nossas relações a partir do crescimento. Seja de bebê para as fases infantis, da infância para a juventude ou da fase “jovem-adulto” para um adulto completo com responsabilidades.

Como a família será incorporada na sequência?

Enquanto isso, o primeiro continua importantíssimo para acompanharmos. Tratar sobre a exploração ambiental e na prática predatória dos humanos não fica velho nunca. Era visto durante a colonização das Américas e África, por exemplo. Foi enxergado pelas invasões dos Estados Unidos buscando recursos em países do Oriente Médio. Quer algo mais próximo? Certo, alguém lembra da tribo indígena que sumiu por completo durante conflitos entre eles e madeireiras/garimpeiros aqui no Brasil? Ou o fato da nossa Selva Amazônica ter permissão para ser devastada por completa nestes últimos anos?

Sempre tivemos este problema e, provavelmente, sempre o teremos. O filme mostra tão bem estas razões, seja por glória de força ou para obter lucros, que assusta. Os vilões causam temor, porque sabemos que existem pessoas assim aqui fora. Gente que busca lucro acima de tudo, seja em cima de vidas ou da própria natureza que nos oferece vida. Depois, os outros que paguem o preço por esse desrespeito. O que importa é o R$ de agora.

Quando tudo isso se une em Avatar, torna a experiência em algo mágico. Caso ainda não tenha visto a produção, assim como eu que evitei por 13 anos, ainda dá tempo de dar uma chance antes de acabar ficando excluído do assunto pelos próximos. Porque, se eu pudesse apostar as minhas fichas, diria que “O Caminho da Água” se tornará um novo marco na indústria cinematográfica, assim como o primeiro. E é mais simples ver um já do que sair correndo para assistir a ambos depois.

O legado deste filme ecoará por mais dez, vinte anos. Principalmente por James Cameron já ter revelado que tem em sua mente já suas sequências e que tudo está conectado de algum modo. Seja pelas ligações entre os personagens ou o mito que envolve Pandora. Isso sem falar de um game sendo produzido pela Ubisoft para ampliar ainda mais este universo. Assistindo ao filme, reparei que daqui 50 anos ainda estaremos batendo um papo sobre tudo que ele representa. Assim como estamos com Star Wars. Com isso dito, mal posso esperar para assistir ao próximo passo que a franquia dará. E você?

Avatar está disponível para assistir na Disney+. A sua sequência, chamada de “O Caminho da Água”, chegará aos cinemas no dia 15 de dezembro de 2022. Veja mais em Especiais!

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Anna
Anna
2 anos atrás

Achava que eu era a única que até hoje não tinha visto… E confesso que já tinha até desistido, mas depois de ler essa resenha fiquei até com vontade de finalmente dar uma chance!

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