A rainha do crime está de volta – pelo menos digitalmente. A BBC acaba de lançar um curso inédito onde aspirantes a escritores podem aprender os segredos dos mistérios policiais com a própria Agatha Christie, ou melhor, com uma versão reconstruída por inteligência artificial.
Chamado Agatha Christie: Writing, o curso usa IA treinada em arquivos históricos – entrevistas, cartas e imagens da autora – para recriar sua voz e expressões. A atriz Vivien Keene empresta seu rosto e tom para a experiência, mas a tecnologia ajusta cada detalhe para que Christie pareça estar ali, pessoalmente, ensinando como construir um bom whodunnit.
São 11 aulas em vídeo e 12 exercícios que exploram desde o desenvolvimento de personagens até o timing perfeito para reviravoltas. Tudo baseado nos métodos reais de Christie, garante seu bisneto, James Prichard, envolvido no projeto para assegurar autenticidade.
“Não é uma farsa. Criamos um curso que destila o gênio dela em lições acessíveis, usando apenas as palavras originais de Agatha”, explicou Prichard ao Mashable. A BBC e a família Christie afirmam que nenhum conselho foi inventado por IA – pesquisadores compilaram o material a partir de documentos reais.
A polêmica das “celebridades digitais”
Não é a primeira vez que a tecnologia “revive” figuras públicas, e o debate é inevitável. Em 2022, a Netflix usou IA para recriar a voz de Andy Warhol no documentário The Andy Warhol Diaries, gerando críticas. Já a franquia Star Wars “trouxe de volta” atores como Carrie Fisher e Peter Cushing com CGI – uma prática que divide fãs entre maravilha técnica e questionamentos éticos.
Até Gabby Petito, vítima de um crime real, teve sua voz simulada em um documentário da Netflix, causando revolta. Por isso, a BBC reforça que o projeto com Christie foi feito com extremo cuidado, focando em preservar seu legado, não em explorá-lo.
O curso está disponível na plataforma BBC Maestro por £79 (cerca de R$ 500) e pode abrir caminho para outros autores clássicos, como J.R.R. Tolkien e Jane Austen, caso o modelo seja bem-sucedido.
Enquanto isso, fica a pergunta: até onde podemos (e devemos) levar a tecnologia para “conversar” com ícones do passado? E você, encararia uma aula com uma lenda literária… em versão digital?
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