Cavaleiro da Lua – Episódio 2 | Crítica: Loucura

Ainda que o primeiro episódio de Cavaleiro da Lua tenha deixado claro que misturaria a fórmula Marvel com o clima de terror, eu não estava preparado para o segundo que está disponível a partir de hoje. Neste novo capítulo, eles largam mão de introduzir as coisas e explicar para te jogar no meio da loucura de Marc Spector e posso ser sincero? Agora sim estou impressionado.

Após compreender que há mais vozes em sua mente e um deus egípcio com intenções duvidosas, o pobre Steven tem de lidar com sua vida dupla e descobrir o que isso significa. Porém, ele não é apenas mergulhado neste universo, mas sim afogado por ele. Não que ele perderá a sua importância ou será menos relevante, mas percebeu que está preso em algo muito maior do que seu problema de múltiplas personalidades.

Conforme avançamos e temos até momentos de ação que condizem mais do que vimos na semana anterior, descobrimos os mistérios que estão ao seu redor e sua verdadeira motivação. Colocando as cartas em jogo, agora sim a série convence de que teremos algo único dentro deste universo e pode representar algo grande dentro da Casa das Ideias.

A chegada de Layla

Um dos elementos mais importantes e que acredito que fará a total diferença em Cavaleiro da Lua é justamente com uma personagem secundária. Layla finalmente surge e mostra ao que veio, não como uma dama indefesa e que está ali apenas para compor um par romântico com o protagonista. Admito que fiquei até surpreso em ver o quanto deram liberdade à ela, fazendo-a ser mais ativa que o próprio herói da série.

Um grande exemplo disso é na principal cena de ação, onde um chacal volta a caçá-los por Londres. Steven/Marc conseguem enxergar a criatura e lutar contra ela. Ninguém mais consegue. Você acha que isso impede Layla de tentar? Mesmo sem ver nada, a mulher parte para cima e dá até certo trabalho ao monstro. Pelo menos por tempo suficiente para seu par se recompor e poder lutar adequadamente.

Já vi Pepper Potts vestir o traje de Resgate no MCU. Também já vi Peggy Carter ajudar o Capitão América durante a Segunda Guerra Mundial. Até Nakia, em Pantera Negra, defendendo o seu país. Se esta personagem inédita não está no mesmo nível que elas, julgo estar em um patamar superior. Pode ter sido um ato inferior, mas é o mesmo tipo de coragem que as demais carregam e que vai mover essa história adiante.

Em relação ao próprio Cavaleiro da Lua, as coisas ficam ainda mais tensas para o herói. Compreendendo todos os elementos que compõem a sua persona, realmente temos um veredicto para o que vive e a palavra certa é loucura. Se você viu ao primeiro episódio e acha que Steven tinha problemas, conhecendo melhor Marc você perceberá que o cara está em uma situação muito pior.

De um jeito diferente, ele não parece o típico protagonista dos seriados e filmes da Marvel. Nem mesmo se englobarmos os Defensores nisso tudo. Com um fator único, ele realmente é um espécime diferenciado nesta realidade e pode gerar uma abordagem distinta para a série. Portanto, não espere ver aqui o mesmo tipo de conteúdo que está acostumado.

Atuação nota 10 em Cavaleiro da Lua

Em questão da produção do seriado, devo afirmar que a qualidade está excepcional e temos diversos recursos que ajudam a narrativa. Os efeitos especiais nem preciso dizer algo, considerando que é a Disney e a Marvel Studios que estão investindo não há limites para o que temos em tela. Porém, a temática de terror que aumenta um pouco mais por aqui e os efeitos práticos de câmera são os principais fatores a serem contemplados.

Toda vez que Steven e Marc conversam pelo espelho, você se pegará observando atentamente a atuação de cada um pelas mãos de Oscar Isaac e admirará ainda mais seu trabalho. Aqui não tem nada de Raquel e Ruth, para os mais saudosistas, mas sim um nível superior de interpretação de duas identidades completamente diferentes e que carregam uma alta carga emocional.

O Cavaleiro da Lua, propriamente falando, também carrega um peso consigo que é visível na tela. Sua identidade heroica está nas mãos de Khonshu e posso afirmar que será bem interessante os rumos que tomarão para o seu futuro. A entidade é tão perigosa quanto os maiores vilões que vimos e creio que não demorará para vermos algum tipo de embate de Steven/Marc contra suas vontades insanas. Principalmente quando colocam outras pessoas em risco.

Com seis capítulos agendados, faltam quatro para chegarmos ao desfecho e ela parece um grande quebra-cabeça que está se formando bem diante de nossos olhos. Você pode até imaginar a imagem que está sendo criada, mas há elementos ali que sequer começaram a aparecer. O fim deste episódio é uma dessas coisas, mostrando que o que virá a seguir pode surpreender os fãs em um local completamente distinto daquilo que vimos antes.

Essa é a estratégia da Marvel de tornar seus heróis em algo mais global do que focado no núcleo Estados Unidos/Nova Iorque. Shang-Chi levou a trama para a China, assim como Os Eternos tiveram uma grande aventura que passou por vários locais diferentes do planeta. Chegou a vez de Marc Spector demonstrar o que pode acontecer quando as histórias vão para o Egito e temos toda uma mitologia para ser desenvolvida por lá.

Sem ressalvas desta vez, confesso que estou muito mais animado com as coisas que vi neste episódio ao invés daquilo que tive no piloto. Não senti que nada estava sendo empurrado à força, nem a fórmula básica de sucesso do estúdio, as cenas de ação e até mesmo a pequena “forçação” de barra do roteiro não pareceu assim tão sem sentido. Espero que mantenham este ritmo, já que agora sim entrei na hype e estou ansioso pelo próximo.

Cavaleiro da Lua é exibido todas as quartas-feiras através da Disney+, a partir das 5h. Veja mais Críticas de Séries!