Chegamos ao terceiro episódio de Cavaleiro da Lua tão perdidos quanto estávamos no primeiro, porém já adianto que essa é uma das jornadas mais curiosas da Marvel que vi até o momento. Enquanto ela nos faz permanecer no mistério sobre Steven Grant e Marc Spector, assim como fez em Wandavision por um certo período, também nos aprofunda mais na mitologia egípcia e mostra que temos muito a descobrir nos próximos capítulos.
Desta vez, Khonshu e nosso protagonista encaram uma grande reunião da Enéade, o agrupamento dos deuses do Egito Antigo. Tanto a poderosa ave quanto o próprio Marc são julgados ali, sendo obrigados a mostrarem que suas motivações têm fundamentos e precisam de mais ajuda para impedir que Harrow complete os seus planos. Porém, cooperação não é a palavra-chave entre eles e as coisas podem ser mais complicadas do que o herói esperava.
Apesar de lidarmos com os maiores seres dos mitos, não são apenas eles que estão sobre Marc Spector. O próprio envolvimento de Layla na história leva a questionamentos muito complexos e que demonstram que essa montanha-russa entre os dois rola há tempos. Se o homem já estava quebrado, imagina ao ouvir dos deuses que sua caminhada não será frutífera e do próprio amor de sua vida que ela não o reconhece mais? Bom, em um momento de fraqueza que as coisas começam a se tornar ainda mais interessantes.
A fórmula Marvel pesa em Cavaleiro da Lua
O que acho muito bacana em Cavaleiro da Lua é o fator de que a Marvel Studios parece estar em cima para que a história corra seguindo a sua fórmula mágica. Assim como o Gavião Arqueiro, que precisava ter alguém atirando flechas pelo menos uma vez em cada episódio ou Wanda utilizando sua magia em Wandavision, foi delimitado que Marc Spector utilizasse sua contraparte em cenas de ação ao menos em algum momento.
No terceiro episódio, eu acredito fielmente que Steven Grant e Layla conseguissem resolver uma situação de forma diplomática e mostrassem que são bem maiores do que o uso do traje. Porém, a decisão não joga a favor deles. Podemos dizer que é justificado pelo roteiro, com o Khonshu “isqueirinho” botando lenha na fogueira e mandando o herói matar a todos ali de forma insistente. Já eu digo que é uma grande muleta para termos um momento de ação e ver a equipe de CG trabalhar.
Sendo bem sincero, isso me incomodou um pouco. Gostei muito do segundo episódio da série, justamente por ter equilibrado este recurso e mostrado que tudo ali estava sendo justificado. Porém, o terceiro me coloca no ponto exato onde eu terminei o primeiro: confuso com o estúdio forçando a sua fórmula para se encaixar na história do personagem. Não foi ruim, sabe? Só não era necessário, considerando as habilidades que os personagens carregam consigo.
Para não dizer que foi de meu completo desgosto, ver Layla em combate foi uma surpresa muito grata para mim. Mesmo sem um traje ou um deus egípcio a guiando, ela encara um oponente dos mais barras-pesadas que foram apresentados e lida com aquela situação de forma brilhante. Assim como na semana passada, firmo aqui que minha casa e meu texto servem à vontade de Layla El-Faouly. Esqueçam Marc, Steven, o Cavaleiro da Lua e tudo mais. Ela é a verdadeira heroína aqui.
Não entregarei spoilers aqui, mas de acordo com o fim deste episódio realmente parece que ela será a pessoa que salvará o dia. Ou a noite, com o perdão do trocadilho com o nome da série. Ouso dizer que a importância dela é a mais bem-trabalhada até hoje pela Marvel e estou achando isso muito bom. A última vez que me recordo de ter visto a “mocinha” resgatar o herói neste universo foi no primeiro Homem de Ferro, onde Pepper ajuda Tony Stark a trocar o reator antes que ele tivesse um ataque cardíaco.
Chegamos na metade
Chegamos na metade do seriado ainda sem compreender muito o que está acontecendo e sem a menor noção do que existe escondido nessa trama. Eu estou contando fielmente com um flashback no próximo para me contextualizar melhor de qual é a verdadeira natureza de Marc Spector e sua relação com Khonshu. O gancho para isso acontecer está até passando do ponto e onde paramos nesse é exatamente o que me faz acreditar que teremos um conto sobre o passado no próximo.
Em termos de enredo, é o correto a ser feito em Cavaleiro da Lua. Faltando três episódios para encerrar a trama, deixar isso para algum momento dos dois últimos pode fazer as coisas ficarem bem em cima da hora no grand finale, sem contar que dessa vez as coisas são diferentes de Wandavision. Lá já tínhamos o carisma da personagem, uma história naquele universo e uma musiquinha resolveu tudo para nós. Oscar Isaac pode contar com o mesmo elemento de personalidade, mas de resto estamos mais perdidos do que ele dentro da série.
Não sabemos como isso começou, qual o envolvimento dele neste universo e nem mesmo alguns trechos pontuais que foram apresentados no episódio 3. Veja bem, não quero referências a outros personagens ou elementos da Marvel Studios, quais acho que continuam muito bem fora desta história. Só quero ser situado melhor de sua verdadeira natureza e poder elaborar qualquer teoria do que está por vir.
Não sou inocente, sei que encerrará com um grande combate entre o herói e Harrow, com muito CG e que causará o caos no Egito. É mais óbvio do que termos uma cena pós-créditos que definirá os próximos passos dele dentro do lado místico do UCM. Porém não acredito que alguém consiga prever os próximos passos até chegarmos nisso, considerando o quanto o espectador está sendo deixado nas sombras em relação aos seus principais elementos.
Este primeiro meio da produção pode ser considerado positivo, porém a parte final terá de fazer valer a pena de tudo isso e mostrar respostas de forma definitiva. Caso contrário, obviamente também perderá público e não atingirá o sucesso que as demais conseguiram. Sendo o primeiro material original, é justo começarmos a ter respostas. Não é como Loki, Gavião Arqueiro, Wanda ou o Falcão que conhecíamos. Ele é um personagem inédito e acho que já chegou a hora de o conhecermos devidamente.
Cavaleiro da Lua é exibido todas as quartas-feiras através da Disney+, a partir das 5h. Veja mais Críticas de Séries!