Ciência

Cometa interestelar 3I/ATLAS faz passagem histórica pela terra este mês

O cometa interestelar 3I/ATLAS está prestes a fazer sua passagem mais próxima da Terra, oferecendo um espetáculo raro para quem tiver um telescópio ou até um bom par de binóculos. Ele vai cruzar nossos céus a cerca de 270 milhões de quilômetros de distância, o equivalente a 1,8 vezes a separação entre a Terra e o Sol, o que é perto o suficiente para observação, mas longe o bastante para não representar qualquer risco.

O objeto chamou atenção ainda em julho, quando o sistema ATLAS detectou algo incomum atravessando o Sistema Solar a uma velocidade que não lembrava nada familiar. Naquele momento, 3I/ATLAS viajava a aproximadamente 221 mil quilômetros por hora, ritmo que aumentou conforme se aproximou do Sol, chegando aos 246 mil quilômetros por hora no periélio. E, assim como outros viajantes interestelares que já deram o ar da graça por aqui, ele deve deixar nossa vizinhança na mesma velocidade com que chegou.

Observações feitas pelo Telescópio Espacial Hubble, em agosto de 2025, sugerem que o núcleo do cometa é bem maior do que se imaginava inicialmente. Ele pode ter entre 440 metros e 5,6 quilômetros de diâmetro, uma variação enorme, mas que reforça o quanto ainda há para descobrir sobre esse visitante vindo de outra parte da galáxia. O que os astrônomos já sabem é que se trata de um objeto extremamente antigo, possivelmente com 10 bilhões de anos, carregando material que antecede a própria formação do nosso Sistema Solar. De quebra, sinais recentes indicam que ele pode estar passando por episódios de criovulcanismo.

Antes de sua aproximação pela Terra, o cometa já protagonizou um encontro relativamente próximo com Marte no início de outubro, chegando a apenas 29 milhões de quilômetros do planeta vermelho, onde foi registrado pelo rover Perseverance e por orbitadores marcianos. Agora chegou a nossa vez: o ponto de maior aproximação com a Terra acontece em 19 de dezembro de 2025. Mesmo assim, o cometa permanecerá do lado oposto do Sol, sem qualquer possibilidade de impacto, como ressaltou a Agência Espacial Europeia.

Para quem quiser observar essa raridade interestelar, a projeção atual indica magnitude de 10,3, o que significa que binóculos potentes podem dar conta do recado, embora a NASA recomende telescópios com abertura mínima de 30 centímetros para uma visão mais satisfatória. O melhor horário para tentar encontrá-lo é pouco antes do amanhecer, olhando para a direção leste a nordeste, logo abaixo de Régulo, estrela que marca o coração da constelação de Leão. Ferramentas como o The Sky Live também ajudam a localizar a posição exata no céu.

Depois de passar pela Terra, 3I/ATLAS ainda deve ter um encontro decisivo com Júpiter em março de 2026. A aproximação, de cerca de 53 milhões de quilômetros, pode alterar significativamente sua trajetória, dependendo da quantidade de material que o cometa liberar ao se aquecer durante o voo ao redor do Sol. Só após sua passagem por aqui será possível avaliar o quanto sua rota foi modificada, tornando essa observação ainda mais importante para os astrônomos.

Enquanto isso, vale aproveitar a chance rara de acompanhar de perto um mensageiro vindo de outra região da galáxia, algo que não aparece nos nossos céus todos os dias.

Veja mais sobre 3i Atlas.

Hortência é profissional de Letras, educadora, tatuadora e mãe. Apaixonada por arte e cultura, une seus múltiplos interesses que vão da cultura pop à gastronomia para produzir conteúdos variados e criativos.

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