O DNA de Ozzy Osbourne foi analisado por meio de sequenciamento genético para responder aquela pergunta que não quer calar: como a lenda do metal sobreviveu a 40 anos regados a sexo, drogas e bebidas alcoólicas?
Convenhamos, não é qualquer um que durante décadas bebeu quatro garrafas de conhaque Hennessy por dia, cheirava cocaína no café da manhã, já quebrou o pescoço, entrou em coma induzido duas vezes e mordeu a cabeça de um morcego em um show. E continua vivo.
Só mesmo Ozzy Osbourne, que declarou em 2016 estar empenhado na luta contra seus vícios.
Em 2010, a amostra de sangue do cantor foi coletada e enviada ao Cofactor Genomics, uma companhia de St. Louis, Missouri, que mapeou seus genes.
Em seguida, os dados foram enviados para a startup Knome, localizada em Cambridge, para analisar os genomas de Ozzy.
Cético, ele brincou: “O único Gene que eu conheço, é o do Kiss”.
Dr. Nathan, diretor de pesquisa da Knome, apresentou os resultados ao roqueiro.
Ozzy descobriu que é 6,13 vezes mais susceptível a desenvolver dependência alcoólica do que uma pessoa comum; 1,31 vezes ao vício em cocaína; 2,6 vezes de sofrer alucinações com maconha – “Essa faz sentido, embora eu usasse tantas drogas ao mesmo tempo, que era difícil saber o que estava causando aquilo”, ele diz.
Ele também descobriu que seu genoma ADH4 é capaz de metabolizar o álcool muito mais rápido que o de uma pessoa comum.
“Eu costumava beber quatro garrafas de conhaque por dia. Acredito que não é preciso de cientistas de Harvard para desvendar esse mistério”, ele completa.
Além disso, foi constatado que o cantor possui duas versões do gene COMT (Catecol O-Metiltransferase), uma das muitas enzimas que degradam dopamina, epinefrina e norepinefrina.
Isso significa que algumas funções como consciência, planejamento, organização e autoconsciência são intensificadas em Ozzy.
Dr. Nathan então responde a principal pergunta.
“Acho que posso dizer com segurança por que você está vivo”, ele começa.
“Desembucha”, diz Ozzy.
“Sharon”, Dr. Nathan conclui.
Casados há 36 anos, Sharon e Ozzy compartilham uma relação peculiar de companheirismo.
Quando Ozzy veio ao Brasil, em 2011, com sua turnê “Scream”, comprei rapidamente o ingresso, porque vivia aflita com medo dele morrer antes de eu vê-lo ao vivo.
Foi uma noite inesquecível. Saí de lá aliviada, mas ainda com a ideia de que podia ser a última vez que ele vinha ao Brasil.
Para minha surpresa, ele voltou com o Black Sabbath em 2013 para a turnê “The End”, que marcou a despedida de uma das maiores bandas da história. Depois, no festival Monsters of Rock, em 2015.
Aos 70 anos, Ozzy ainda supera todas as expectativas e prova que não é, e nunca será, um ser comum.
Tudo o que resta a fazer, ao que parece, é dizer: “Obrigado, Sharon”.