Em um laboratório na Suíça que mais parece saído de um romance de ficção científica, uma startup está desenvolvendo uma tecnologia que desafia tudo o que conhecemos sobre computação. A FinalSpark está cultivando organoides cerebrais, mini cérebros derivados de células humanas, para potencialmente se tornarem o coração de uma nova geração de computadores biológicos.
O processo começa com células-tronco extraídas de amostras de pele de doadores anônimos, selecionadas criteriosamente entre as de melhor qualidade. Durante semanas meticulosas no laboratório, essas células se transformam e se multiplicam, formando aglomerados densos de neurônios que gradualmente evoluem para pequenas esferas pálidas de tecido neural com poucos milímetros de diâmetro.
Embora esses mini cérebros não desenvolvam os sulcos característicos de um cérebro humano completo, eles possuem os componentes fundamentais: neurônios que disparam impulsos elétricos, formam conexões e respondem a estímulos, exatamente como ocorre em nosso sistema nervoso.
A verdadeira inovação acontece quando esses organoides são conectados ao mundo digital. Eletrodos cuidadosamente posicionados nas placas de cultivo onde flutuam os mini cérebros criam uma ponte entre o biológico e o tecnológico. Quando os pesquisadores enviam um estímulo elétrico através do sistema, podem observar em telas de computador padrões de atividade neural que lembram os picos de um exame de eletroencefalograma.

A grande diferença em relação aos computadores tradicionais está na natureza viva desses “processadores”. Enquanto máquinas convencionais recebem energia da tomada e podem funcionar indefinidamente, os organoides cerebrais exigem monitoramento constante e condições específicas para sobreviver. A ausência de vasos sanguíneos – que em um cérebro natural fornecem nutrientes essenciais, limita atualmente sua vida útil a aproximadamente quatro meses.
Os técnicos do laboratório já documentaram mais de mil “finais” desses organoides, cada um mostrando um pico dramático de atividade neural em seus segundos finais, padrões que curiosamente se assemelham aos ritmos observados em momentos terminais do cérebro humano. Esta pesquisa frontier representa não apenas um avanço tecnológico, mas também levanta questões fascinantes sobre as possibilidades, e limites, da interseção entre biologia e computação.
Veja mais sobre tecnologia!