“Crazy Food Truck”, do mangaká Rokurou Ogaki, surpreende positivamente ao apresentar uma história interessante, boa construção de mundo, personagens interessantes e uma narrativa de tirar o fôlego, além de ser o primeiro mangá da editora Comix Zone.

O trabalho de Ogaki vai muito além de uma história que pode ser comparada apenas a Mad Max e Master Chef, pois Crazy Food Truck consegue ter em Sand Land, do mestre Akira Toriyama, como uma grande referência ao mesmo tempo em que constrói uma história sobre a vida e como devemos perseguir nossos sonhos.

No fim, o deserto é apenas uma grande metáfora para a jornada de Gordon e Alisa, porém Kyle, Dylan, Sara e Myna surgem para complementarem com questões sobre amizade, parceria e legado.

Gordon, um cozinheiro de meia-idade que percorre o deserto com seu food truck, até o dia em que sua rotina é virada de cabeça para baixo quando encontra Alisa, uma jovem misteriosa e com um insaciável apetite.

Qual a relação dela com o exército? O que Gordon esconde em seu passado ao se reencontrar com outros personagens conhecidos? Qual o passado desse mundo? Por quê um food truck no deserto? Como o autor trabalha os laços entre esses personagens? E aquele final impressionante em Miyajima, hein?

Para todas essas respostas, você precisará ler as duas edições de Crazy Food Truck.

Com uma arte que lembra o estilo de Hiromu Arakawa, de Fullmetal Alchemist, com fluidez entre os quadros por conta das linhas de velocidade e numa maneira mais limpa de retratar seus personagens, mesmo tratando-se de um deserto, o trabalho de Ogaki fará com que você invista sua atenção ao admirar cada página.

As cenas com o food truck são muito bem construídas, as lutas são divertidas e fáceis de serem entendidas, além das paisagens deslumbrantes que o mangaká consegue criar.

A construção da narrativa possui um roteiro ágil, sem deixar você em dúvidas sobre parar ou não a leitura, amarrando cada capítulo com a busca por ingredientes para uma nova receita de Gordon, enquanto acompanhamos os mistérios em torno de Gordon e Alisa.

Quase como uma estrutura de stand-up comedy, os acontecimentos acontecem em cadeia para que o virar de página seja constante, e mesmo que veloz, a construção dos personagens acontece com a descoberta sobre esse mundo desértico, com paralelos que desenvolvem todos os personagens apresentados.

Sobre a construção de mundo que faz parte dessa história, um destaque merecidíssimo para o excelente trabalho da tradutora Drik Sada. Ela conseguiu fazer a localização para o Português do Brasil de expressões, receitas culinárias e nomes, de locais e criaturas, que fazem sentido e estão inseridos no contexto assim como qualquer um dos personagens.

Tudo isso numa edição de luxo, como primeiro título de uma editora pequena, demonstrando extremo cuidado da Comix Zone ao lançar Crazy Food Truck no Brasil.

Com sobrecapa que serve como vitrine, muito bem diagramada e com uma arte belíssima, a edição tem capa cartão com pantone prateado e miolo em papel pólen bold de alta gramatura, colado e costurado, que torna fácil e agradável a leitura e manuseio.

A impressão foi muito bem feita, sem moiré e respeitando a arte de Rokurou Ogaki, com suas muitas linhas de ação e velocidade, além de não apresentar transparência.

Com esse lançamento, a Comix Zone demonstra sua competência e capacidade em fazer parte do mercado editorial de mangás, entregando um material de primeira qualidade, que não vemos nos lançamentos feito por grandes editoras, com um excelente custo benefício pelo excelente material que você pode adquirir em Crazy Food Truck.

Crazy Food Truck

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