Estudo aponta que jovens trocam trabalho por games

Para quê trabalhar, se você pode ficar jogando videogame? De acordo com uma pesquisa publicada no jornal National Bureau of Economic Research, isto está cada vez mais se tornando realidade.

Os economistas Erik Hurst, Mark Aguiar, Mark Bils e Kerwin Charles dizem que os videogames ajudam a explicar porque os jovens atualmente trabalham menos.

Moeda de troca: trabalho por games

Homens americanos de 31 a 55 anos, em 2015, trabalharam cerca de 163 horas a menos do que o mesmo grupo em 2000. Quando falamos dos mais jovens, de 21 até 30 anos, a diferença entre 2015 e 2000 são de 203 horas.

Os pesquisadores estimam que ano a ano, desde 2004, os games reduzem as horas de trabalho, principalmente por se tornarem cada vez melhores e atrativos. Isso enquanto os salários médios continuaram estagnados.

Antes, com os jogos mais simples, não dava gosto ficar o dia inteiro se distraindo com os jogos, que eram “sempre a mesma coisa” ou ao menos havia menos variedade de comandos, complexidade, narrativa.

Atualmente a gente pode imergir em mundos virtuais, enredos filosóficos, universos fantásticos criados nos mínimos detalhes.

“Os jogos proporcionam uma sensação de despertar pela manhã com um objetivo: estou tentando melhorar essa habilidade, os colegas de equipe estão contando comigo e minha comunidade online está confiando em mim”, disse Jane McGonigal, uma estudante de videogames e designer de games. “Há uma rotina e progresso diário que faz um bom trabalho na substituição do trabalho tradicional”.

Sem falar no fato de que, claro, a geração mais jovem não vê mais tanto sentido no trabalho tradicional. Afinal, somos uma pequena peça no quebra-cabeças do sistema e na maioria das vezes o propósito do trabalho é necessidade, não algo mais nobre como “status”, “segurança” ou “honra”, como antigamente.

Isso atinge ambos os gêneros, levando em conta que, no Brasil, 52% dos jogadores são mulheres, segundo estudo realizado pela Sioux, Blend New Research e ESPM em 2016. Nos EUA, a representação feminina nos jogos cai para 41%, de acordo com a Entertainment Software Association.

A análise não contabilizou atividades como usar o Facebook e Snapchat ou navegar na web. O tempo gasto com essas atividades não cresceu tanto quanto o tempo gasto em videogames.

Fica a pergunta: será que isso é necessariamente uma coisa ruim?

Jovens não educados na faculdade – o grupo mais propício para jogar em casa – são mais propensos a dizer que estão felizes do que o mesmo grupo 10 anos atrás. Homens mais idosos que não são graduados são os mais infelizes.

De acordo com o pesquisador Hurst, os jovens podem simplesmente estar modificando os anos em sua vida que querem trabalhar. “Por que não se divertir um pouco nos seus 20 anos e trabalhar nos 80?”, Disse ele.

Mas isso quer dizer que esses jovens de hoje encontrariam trabalhos mais tarde. E quem disse que os jogos do futuro não serão tão atrativos, ou até mais, do que os de atualmente?

A gente tem a leve impressão de que, cada vez mais ao passar dos anos, as pessoas optarão por viver e ter mais horas de lazer do que trabalho. Este estudo é um claro indício disso.

 

Com informações do NY Times.

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