O fotógrafo Drew Gardner é responsável por um projeto fascinante que investiga a árvore genealógica de pessoas importantes da história: ele recria retratos de figuras históricas com seus parentes, mostrando os rostos de gerações esquecidas.

Intitulado The Descendants o projeto fotográfico é uma investigação visual da história ocidental, que vai muito além de meras semelhanças entre parentes.

“Não estou dizendo que eles se parecem com seus antepassados. Estou incentivando um debate. Quero provocar uma conversa que deixe as pessoas curiosas sobre a História”, diz o fotógrafo.

A ideia surgiu há 15 anos e, desde então, Gardner já fotografou parentes do estadista americano Frederick Douglass, da Lisa del Giocondo (modelo da obra de Da Vinci), da pintora Berthe Morisot e do líder político Napoleão Bonaparte.

O retrato que acende um debate mais caloroso certamente é o do hexaneto do presidente americano Thomas Jefferson.

Fotógrafo recria retratos com parentes de figuras históricas

A foto recria a pintura icônica do século VXIII, na qual Shannon LaNier aparece vestido de maneira semelhante a Jefferson, mas decidiu renunciar à peruca que ele usava.  

“Eu não queria me tornar um Jefferson”, ele disse à Smithsonian Magazine.  

O âncora de notícias faz parte da sexta geração de uma relação forçada entre o terceiro presidente dos Estados Unidos e Sally Hemings, uma escrava que ele tomou como propriedade e fez parir seis filhos seus. Uma história que há muito tempo está ocultada das narrativas históricas.

“Jefferson pode ter sido um pai fundador, mas eu sou uma imagem do que sua família se tornou agora. Você olha para a minha família e vê todas as cores ali, como verá em muitas famílias que sugiram da escravidão”, disse.

Gardner segue critérios rigorosos para reconstruir os retratos. A figura histórica não deve ser mera celebridade, mas deve ser amplamente conhecida pelo público e deve ter causado um impacto significativo na sociedade. O próximo passo é analisar pinturas, fotografias e outras representações realistas da pessoa escolhida.

A partir disso, o fotógrafo inicia a busca por membros vivos da família, tarefa que requer uma investigação de, às vezes, até uma dúzia de gerações para encontrar um parente com menos de 15 anos de idade do antepassado. Para isso, ele conta com o apoio de museus e instituições dedicadas à preservação histórica.

Por fim, Gardner entra em contato com o parente para perguntar se ele tem interesse de participar do projeto.

Para manter a integridade da imagem original, ele utiliza trajes e acessórios antigos, quando possível. Alguns elementos, no entanto, como as enormes correntes enferrujadas que formam o pano de fundo do retrato do inventor Isambard Kigdom Brunel de 1857, não existem mais. Quando isso acontece, o fotógrafo recorre ao Photoshop.

Os resultados formam um impressionante conjunto de retratos que exploram verdades históricas.

Confira algumas imagens abaixo.

Fotógrafo recria retratos com parentes de figuras históricas

Helen Pankhurst, bisneta da ativista dos direitos das mulheres Emmeline Pankhurst, uma das fundadoras do movimento britânico do sufragismo, que lutou incansavelmente pelo direito da mulher ao voto.

Fotógrafo recria retratos com parentes de figuras históricas

Kenneth Morris, trisneto de Frederick Douglass, abolicionista americano, sufragista, autor, estadista e reformista. Acreditava na igualdade de todas as pessoas, independente de gênero, credo ou etnia. Também conhecido como “O Sábio de Anacostia”, ele é uma das figuras mais proeminentes da história dos afro-americanos e dos EUA.

Fotógrafo recria retratos com parentes de figuras históricas

Tom Wonter, tetraneto de William Wordsworth, posa como o retrato criado por William Shuter, em 1789. Wordsworth é um dos poetas ingleses mais consagrados da história. Dedicava a maioria de seus poemas à natureza. Sua linguagem simples revolucionou a poesia inglesa. Também conhecido como “poeta da humanidade”, ajudou a implementar o romantismo na literatura inglesa.

Lucie Rouart, bisneta de Berthe Morisot, recria a pintura de Edouard Manet, de 1872. Morisot foi uma pintora impressionista francesa, também conhecida como “a dama do impressionismo”. Não ganhou tanto prestígio quantos seus companheiros pintores da época, apesar de ser uma das fundadoras do movimento artístico.

Gerald Charles Dickens posa como seu tataravô Charles Dickens, recriando o retrato feito por Hebert Watkins, de 1858. Um dos nomes mais prestigiados da literatura. Dickens foi o mais popular dos romancistas da era vitoriana, cujos romances, hoje considerados clássicos, ainda ressoam na literatura mundial.

Hugo de Salis, tetraneto de Napoleão Bonaparte, recria a pintura feita por Jacques-Louis David em 1812. O líder político e estrategista de guerra é reconhecido como um dos principais militares de toda a história francesa. Conquistou um vasto território para a França durante seu Império Napoleônico.   

Isambard Thomas, trisneto de Isambard Kingdom Brunel, posa como o retrato feito por Robert Howlett, em 1857. Brunel foi um portante inventor, engenheiro e arquiteto inglês, que revolucionou a tecnologia do transporte. Foi responsável por construir inúmeras pontes, túneis e trilhos de trem durante a Revolução Industrial britânica, além de navios que foram inovadores à sua época.

Irina Guicciardini Strozzi, bisneta da 15º geração de Lisa del Giocondo, a famosa Mona Lisa de Leonardo Da Vinci.


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