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Homem Irracional | Crítica: questiona moral, angústia, existencialismo e romance com genialidade

Homem Irracional questiona moral, angústia, existencialismo e romance com genialidade

Qual o sentido da vida? Será que estamos aqui para fazer algo ou apenas somos mentes e corpos jogados em um mar de subjetividade e insignificância?

Será que o acaso rege nossa vida? Que a aleatoriedade dos fatos é que molda o nosso mundo?

São com essas questões que Woody Allen apresenta o personagem Abe Lucas, um professor de filosofia conturbado interpretado pelo excelente Joaquin Phoenix.

A história é contada a partir de quando Lucas – este conceituado filósofo que vive uma crise crônica de angústia — se muda para uma pequena cidade chamada Newport (vizinha da capital do estado, Providence) em Rhode Island, Estados Unidos.

Com seu estilo desleixado, bêbado, porém brilhante, o professor traz “novos ares” para a Universidade local, e principalmente chama a atenção das mulheres, como a professora Rita (Parker Posey) e da aluna Jill (Emma Stone).

Entre diálogos excelentes, cheios de contextos filosóficos, que questionam nossa existência e personagens intrigantes, o filme traz elementos de comédia típicos de Woody Allen e à primeira vista se apresenta como um romance.

No entanto, de forma surpreendente e sagaz, as coisas logo mudam de figura, e este romance vira algo soturno.

Lucas é um personagem denso e complexo. Uma pessoa racional, inteligente e que vê a vida com realismo e um certo tom de pessimismo. Um grande admirador de Fiodor Dostoievski.

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Tudo vira às avessas quando ele ouve uma conversa no bar e faz uma decisão que o inspira, o devolve toda a vontade de viver e de respirar. Dá forças para seguir em frente e, principalmente, ver a vida com outros olhos.

Esta escolha fez bem para ele, pois encontrou um propósito, mas é moralmente duvidosa e criou uma corrente de consequências.

O tom leve do filme dá espaço para o suspense. Mesmo assim, a trilha sonora segue certeira com um jazz suave – como se estivéssemos assistindo uma peça tragicômica.

E é justamente disso que o longa se trata. Uma reviravolta trágica, que nos faz questionar e pensar sobre o existencialismo. E porque não pensarmos na vida como uma grande comédia trágica?

Apesar de o próprio personagem ter recuperado seu fôlego, ele acaba responsável pela miséria na vida de outras pessoas.

Será que vale a pena construir sua própria felicidade às custas da tristeza alheia?

Várias passagens no filme ressaltam que a filosofia, em grande parte, é “masturbação verbal”. Ou seja, muito blablabla que difere totalmente da vida real – ou ao menos abre a infinitas interpretações.

Homem Irracional parte desta base e, apesar de citar muitos filósofos como Immanuel Kant (1724-1804) a Jean-Paul Sarte (1905-1980), a ideia é que não importa o que as pessoas falem: a vida sempre nos dará lições valiosas. Sejam elas em forma de amor ou de sofrimento.

Aqueles socos na cara que a gente leva do mundo real. E que nenhum livro tem a capacidade de proporcionar.

5estrelas

Homem Irracional (Irrational Man)

Homem-Irracional-BoxDiretor: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Duração: 96 minutos
Elenco: Joaquin Phoenix, Emma Stone, Parker Posey
Lançamento: 27 de agosto de 2015

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