A sueca Anna Rosling Rönnlund deseja mostrar a humanidade por trás das estatísticas de desigualdade ao redor do mundo.
Através do seu projeto Dollar Street, ela propõe ao espectador imaginar o mundo como uma rua, onde os 7 bilhões de habitantes são vizinhos, mas vivem separados de acordo com a renda: de um lado, os pobres; do outro, os ricos.
Nos últimos 15 anos, o projeto enviou uma equipe de fotógrafos à 50 países, para visitarem 264 famílias. Em cada casa, eles fotografam o mesmo conjunto de objetos: cama, fogão, brinquedo e outros mais que, ao todo, integram 135 itens.
Por meio de dados oficiais e entrevistas, eles revelam a renda mensal de cada família, convertida em dólares.
De que lado você vive?
Quando Anna levou essa questão à um grupo de alunos, a maioria acreditava se localizar no meio.
É uma realidade que o projeto salienta: não existem apenas extremos, mas também o centro, onde se localiza grande parte da população.
A proposta central é desmistificar estereótipos que rondam a ideia de como é viver em outros países.
Anna acredita que, quando pensamos em nível global, as primeiras imagens que vêm à mente são guerras, terror, doenças, imigrantes, assim como belas praias, lindos animais e culturas interessantes ou assustadoras.
Mas tudo isso apenas compõe a superfície de uma realidade que, frequentemente, é descrita através de estatísticas e dados. Dessa maneira, pessoas são reduzidas a números, e não podemos enxergar a humanidade por trás.
O ponto de partida do projeto é utilizar fotografias como dados e tornar estatísticas mais humanas, para que possamos enfim enxergar esses números como nossos semelhantes.
Nós e Eles
Diante das barreiras que nos impedem de enxegar o outro, criamos a falsa sensação de que tudo exterior à nossa realidade é estranho e distante.
Ao ter contato com fotografias do cotidiano de famílias ao redor do globo, o espectador pode reconhecer seus hábitos e um pouco de si em diferentes culturas, se aproximando do diferente e desconstruindo a concepção de que existe um abismo entre ele e o estrangeiro.
“Pessoas de outras culturas são frequentemente retratadas como assustadoras e exóticas. Isso tem que mudar. Nós queremos mostrar à você como as pessoas realmente vivem. Pareceu natural usar fotografias como dados para as pessoas conseguirem enxergar por si mesmas como é a vida em diferentes níveis de renda. O Dollar Street permite que você visite muitas e muitas casas em todo o mundo. Sem viajar” – diz Anna.
No TEDx Talk abaixo ela explica mais sobre o projeto.
O Dollar Street é desenvolvido pela fundação independente sueca Gapminder, que não possui afiliações políticas, religiosas ou econômicas.
No site se encontra a galeria completa, onde cada imagem organiza do lado esquerdo as rendas menores, as médias no centro e as mais ricas na direita.
É interessante observar os contrastes entre moradores da mesma região, mas com rendas diferentes.
Por lá você pode navegar e descobrir outras realidades, inclusive a sua própria.