A sueca Anna Rosling Rönnlund deseja mostrar a humanidade por trás das estatísticas de desigualdade ao redor do mundo.

Através do seu projeto Dollar Street, ela propõe ao espectador imaginar o mundo como uma rua, onde os 7 bilhões de habitantes são vizinhos, mas vivem separados de acordo com a renda: de um lado, os pobres; do outro, os ricos.

Nos últimos 15 anos, o projeto enviou uma equipe de fotógrafos à 50 países, para visitarem 264 famílias. Em cada casa, eles fotografam o mesmo conjunto de objetos: cama, fogão, brinquedo e outros mais que, ao todo, integram 135 itens.

Por meio de dados oficiais e entrevistas, eles revelam a renda mensal de cada família, convertida em dólares.

Família de Kiev, Ucrânia. Renda: 10.090 dólares por mês
Família de Santa Catarina, Brasil. Renda: 956 dólares por mês
Família de Burúndi, África do Sul. Renda: 29 dólares por mês

De que lado você vive?

Quando Anna levou essa questão à um grupo de alunos, a maioria acreditava se localizar no meio.

É uma realidade que o projeto salienta: não existem apenas extremos, mas também o centro, onde se localiza grande parte da população.

A proposta central é desmistificar estereótipos que rondam a ideia de como é viver em outros países.

Anna acredita que, quando pensamos em nível global, as primeiras imagens que vêm à mente são guerras, terror, doenças, imigrantes, assim como belas praias, lindos animais e culturas interessantes ou assustadoras.

Mas tudo isso apenas compõe a superfície de uma realidade que, frequentemente, é descrita através de estatísticas e dados. Dessa maneira, pessoas são reduzidas a números, e não podemos enxergar a humanidade por trás.

O ponto de partida do projeto é utilizar fotografias como dados e tornar estatísticas mais humanas, para que possamos enfim enxergar esses números como nossos semelhantes.

Nós e Eles

Diante das barreiras que nos impedem de enxegar o outro, criamos a falsa sensação de que tudo exterior à nossa realidade é estranho e distante.

Ao ter contato com fotografias do cotidiano de famílias ao redor do globo, o espectador pode reconhecer seus hábitos e um pouco de si em diferentes culturas, se aproximando do diferente e desconstruindo a concepção de que existe um abismo entre ele e o estrangeiro.

“Pessoas de outras culturas são frequentemente retratadas como assustadoras e exóticas. Isso tem que mudar. Nós queremos mostrar à você como as pessoas realmente vivem. Pareceu natural usar fotografias como dados para as pessoas conseguirem enxergar por si mesmas como é a vida em diferentes níveis de renda. O Dollar Street permite que você visite muitas e muitas casas em todo o mundo. Sem viajar” – diz Anna. 

No TEDx Talk abaixo ela explica mais sobre o projeto.

O Dollar Street é desenvolvido pela fundação independente sueca Gapminder, que não possui afiliações políticas, religiosas ou econômicas.

No site se encontra a galeria completa, onde cada imagem organiza do lado esquerdo as rendas menores, as médias no centro e as mais ricas na direita.

É interessante observar os contrastes entre moradores da mesma região, mas com rendas diferentes.

Por lá você pode navegar e descobrir outras realidades, inclusive a sua própria.

Pensilvânia, Estados Unidos. Renda: $3.450
Eskilstuna, Suécia. Renda: $3.439
La Paz, Bolívia. Renda: $180
Gyeongsang do Norte, Coréia do Sul. Renda: $835
Kyustendil, Bulgária. Renda: $654
Gaza, Palestina. Renda: $654
Burkina Faso, África Ocidental. Renda: $53
Paris, França. Renda: $3.765
Filipinas. Renda: $194
Bangkok, Tailândia. Renda: $414
Colorado, EUA. Renda: $4.650
Turquia. Renda: $505
Tbong Khmum, província do Camboja. Renda: $306
Brighton, Reino Unido. Renda: $1890
Bengala Ocidental, Índia. Renda: $29
Haiti. Renda: $106
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