Chegamos ao sexto e último episódio de Invasão Secreta, encerrando mais um arco da Marvel Studios com um sentimento misto. A série, apesar de curta, teve seus pontos altos e baixos e com toda a certeza este fim emula bastante destes fatores para finalizar a trama e levar Nick Fury e os demais personagens para a próxima “grande aventura”.

Se você aguarda por participações especiais e alguma solução vinda diretamente das fileiras de personagens do MCU, já aviso que isto não ocorre. Ao contrário do que muitos acreditavam, incluindo eu, não há uma salvação vinda de fora. Nada de Capitã Marvel, Quarteto Fantástico ou qualquer outro herói surgindo para aliviar o peso dos poucos espiões que sobraram e também para cuidar da ameaça Skrull.

De todas as produções, esta tem o seu mérito de ser a mais fundada em seus conceitos. Não há uma traição dos valores apresentados nem em relação aos seus personagens. Nem mesmo existe uma co-ligação maior com os demais, ao menos não que dê aquela sensação de “obrigação” que as outras passam. Os mortos permanecem assim. Quem estava de fora, continuará assim. Há apenas Nick Fury tentando impedir o perigo que Gravik representa. E “é sobre isso”.

Há apenas Nick Fury e uma invasão em andamento

A posição de Invasão Secreta no MCU

O fim de Invasão Secreta, como afirmei acima, não traz soluções especiais para os problemas que foram apresentados desde o primeiro episódio. Eu valorizo isso demais, para ser bem honesto. Iniciar e fechar este arco sem um chamado aos Vingadores, sem apelar para a presença de outras grandes figuras e nem criar abertura para isso traz uma estrutura aprimorada e dá mais peso aos personagens.

A situação é até direta demais. O presidente dos Estados Unidos está prestes a enviar uma bomba para a Rússia, o que iniciaria a Terceira Guerra Mundial. Gravik deseja a Colheita, um “MacGuffin” tirado de supetão no capítulo passado – porém, que reserva a sua importância como um item que mantém o DNA dos maiores heróis e ameaças da Terra. Há uma tonelada de humanos presos em cárcere Skrull, com suas identidades roubadas e precisando de resgate. E temos aproximadamente 30 minutos para solucionar isso.

Muitos problemas para pouco tempo de duração

Neste aspecto, eles conseguem fechar bem o ciclo sem muitas firulas ou aberturas que justifiquem mais trinta anúncios da Marvel Studios. Eu compreendo onde Nick Fury estará em The Marvels, por exemplo. Ainda assim, foram deixadas muitas dúvidas que mereciam uma resposta e ficaram em aberto – mesmo que haja indícios de alguns fatores.

Por exemplo, o Coronel Rhodes original finalmente é libertado e ninguém fala sobre isso e nem é explorado o período que ele passou distante. Citam “você passou muito tempo aqui” e percebe-se que ele não consegue caminhar – referência ao incidente visto em Guerra Civil, ou seja, sua participação em Guerra Infinita, Ultimato e Falcão e o Soldado Invernal eram um alienígena em seu lugar. Minha reclamação é não darem um diálogo em Invasão Secreta para ele expor qualquer coisa sobre isso, custava oferecer ao Don Cheadle uns 3 minutinhos para dar uma profundidade maior? O coitado mal viu o enterro de seu melhor amigo, o que seria bem triste.

ALIEN ALERT!

Deus Ex Machina

Há também um elemento, qual não vou falar muito para evitar entregar spoilers aos desavisados, mas que realmente me deixou surpreso pelo descuido. O Universo Cinematográfico Marvel está repleto de seres “divinos”, como a própria Capitã Marvel, Thor, Feiticeira Escarlate, Doutor Estranho e os Eternos, por exemplo. Em uma tentativa de conter os avanços de Gravik, inventam um novo “Deus Ex Machina” para encerrar…mas deixam a solução em aberto e solta no Planeta Terra. Ou seja, temos um novo ser extra-poderoso andando por aí e isto mal é debatido devidamente.

Eu não acho ruim criarem uma nova “entidade” no meio de tudo isso, mas acredito que isso vai retirar uma grande parte da graça que todo o MCU carregou até aqui. Se vimos Thanos sofrendo com a Capitã Marvel e a Feiticeira Escarlate no passado, mal imagino o que ocorrerá com Kang ou qualquer outro vilão que venha a surgir. Os Eternos sozinhos dariam conta, mas esta nova presença ultrapassa diversos níveis que fica até difícil imaginar uma dificuldade para o lado dos mocinhos. Além disso, joga outros heróis como o próprio Capitão América, Pantera Negra e o Homem-Formiga de escanteio.

A solução para Gravik não agrada e deixa questões abertas

Divisivo, mas dá para aproveitar

Ainda assim, há espaço para elogios em Invasão Secreta. Vamos ser honestos, os diálogos da série são extremamente bem-escritos e mostram bastante da profundidade que tinham prometido. Ainda nos primeiros minutos, toda a conversa entre Nick Fury e Gravik – qual também não entrarei em detalhes – me parece completamente honesta e revela mais facetas do vilão do que eu esperava ter.

Outro grande destaque é Varra, que brilhou em todo o seriado e trouxe ainda mais impacto emocional aos eventos vistos. Isso sem falar na presença de Sonya Falsworth, interpretada por Olivia Colman. A mulher é excepcional e eu realmente espero que o MCU a trate melhor do que vimos do próprio Nick Fury nas últimas décadas – temos de combinar, depois de Capitão América e o Soldado Invernal o personagem foi completamente jogado de lado e aparecia apenas de vez em quando. Serviu para chamar a Capitã Marvel e só, diga-se de passagem.

Olivia Colman merece mais destaque no MCU

Continuo com a minha posição que algumas mortes, como de Maria Hill e Talos, foram um completo desperdício de talento e que eram personagens que mereciam uma atenção maior dentro deste universo. A contraparte das HQs de Maria Hill é vital em diversos arcos e poderia assumir uma posição maior no MCU, principalmente com o retorno de Nick Fury ao espaço. Já Talos, interpretado por Ben Mendelsohn, entregou ainda mais do que vimos no filme Capitã Marvel e merecia um destaque maior nessa jornada.

Onde tudo isso levará, é incerto. Ainda assim, ao menos é uma produção que admito que vale a pena de ser assistida – principalmente por não fugir muito da sua própria intenção. Com ótimos diálogos e elenco, ainda que o roteiro ou algumas decisões criativas incomodem, faz bem esta mudança de ares para não cair na mesmice. Por bem ou para o mal, é uma história de espiões tentando impedir uma invasão alienígena. A conclusão e o seu meio podem não agradar tanto, mas o miolo tem mais pontos positivos do que o contrário.

Todos os episódios de Invasão Secreta estão disponíveis na Disney+. Veja mais em Críticas de Séries!

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