Cinema

Jackie Chan critica Hollywood: ‘Hoje eles pensam mais em dinheiro do que em fazer cinema’

Durante sua participação no Festival de Cinema de Locarno, Jackie Chan não poupou críticas ao cenário atual de Hollywood. O astro das artes marciais e das comédias de ação afirmou que os grandes estúdios perderam a essência criativa e passaram a priorizar o retorno financeiro acima de qualquer paixão pelo cinema. Para ele, os filmes antigos tinham mais alma e autenticidade. “Hoje, muitos estúdios não são formados por cineastas, mas por homens de negócios. Eles investem 40 milhões e só pensam: ‘Como vamos recuperar isso?’. É muito difícil fazer um bom filme agora”, afirmou diante de uma plateia lotada.

Em conversa com o diretor do festival, Giona Nazzaro, Chan revisitou sua longa trajetória, desde os primeiros passos no cinema de Hong Kong até as cenas mais arriscadas de sua carreira. Ele destacou que aprendeu praticamente todas as funções de um set: atuar, dirigir, coreografar lutas, coordenar dublês, editar e até escrever roteiros. “Na Ásia, só existem dois diretores que fazem tudo: Sammo Hung e Jackie Chan. E eu sou melhor porque também sei cantar”, brincou.

O detalhe musical não foi por acaso. No início da carreira, Chan percebeu que depender apenas de acrobacias e lutas era arriscado demais. “Eu não poderia fazer isso para sempre. É muito perigoso. Em todo lugar que eu ia, me perguntavam como dar socos e chutes. Então pensei: o que mais posso fazer? Vou aprender a cantar. Queria ser o Robert De Niro asiático.”

No entanto, sua relação com Hollywood nem sempre foi fácil. Nos anos 2000, Chan já estava cansado de receber roteiros fracos e de não conseguir se conectar com o público americano. Estava pronto para desistir, até apostar em um último projeto: A Hora do Rush. “Foi minha última tentativa. Se não desse certo, eu encerraria. Acho que A Hora do Rush mudou a cultura”, disse, lembrando que o sucesso do filme o ajudou a se tornar uma ponte cultural entre Estados Unidos e China.

Em Locarno, Jackie Chan recebeu o prestigioso prêmio Pardo alla Carriera, que celebra o conjunto da obra de um artista, acompanhado de exibições de seus clássicos como Projeto China e Police Story. Ainda assim, seu recado foi direto: Hollywood pode ter dinheiro, mas está perdendo o coração do cinema.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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