Eu acredito que poucas séries conseguem conduzir bem uma narrativa como Loki, menos ainda conseguem subverter tudo o que você acredita e montar um caminho completamente distinto daquele que estava “previsto”. A fórmula estava bem simples, com Victor Timely “consertando” a TVA ao lado de Ouroboros, Ravonna Renslayer e Miss Minutes encarando uma grande investida contra a organização e quem sabe uma ou duas surpresas no caminho? Não tinha para onde correr dali.

Pois é, caros leitores, tinha sim. Não darei spoilers para quem ainda não assistiu à obra, mas a forma como ela finaliza impacta até mesmo aqueles que julgam “saber muito” da Marvel Studios e do MCU, abrindo um caminho completamente distinto e que abrirá uma grande questão até a próxima semana. Afinal de contas, o que este evento em particular significará para o seriado? E para todo o Universo Cinematográfico Marvel?

Todos sabemos que o episódio 4 das séries da Marvel são acompanhados de uma paulada, mas este parece que mudará tudo como conhecemos daqui em diante. E não digo só pelo próprio “evento” em si, mas a construção de diálogos também foi excelente, a interação entre Miss Minutes e Ravonna Renslayer também adicionam bastante para construir uma imagem forte de vilania e sem falar na grande participação de Jonathan Majors nos episódios, que auxiliaram a forma como podemos enxergar Kang.

Começa a corrida contra o tempo para salvar a TVA

Esqueça tudo em Loki

A técnica de subverter expectativas é algo bem conhecido na indústria, causando impacto e trazendo um fim distinto daquilo que era o esperado. Thanos vencer ao fim de Guerra Infinita, por exemplo, causou isto aos espectadores. Claro que saber que existiria um segundo filme na sequência e as gravações de Homem-Aranha: Longe de Casa estragaram parte disso, mas quem se recorda de ver os heróis se desintegrando e pensando “se juntos já perderam, sem metade deles como será?”. É o que Loki faz, mas em uma escala completamente diferente e desproporcional.

Obviamente que o roteiro tinha de estar acompanhado de uma excelente direção e atuações, qual não dá nem para escolher qual se destacou mais. Jonathan Majors, Sophia Di Martino, Tom Hiddleston, Owen Wilson, Ke Huy Quan e até mesmo Gugu Mbatha-Raw ao lado de Tara Strong cativam e finalmente mostram ao que vieram – todos simultaneamente, causando fortes impressões e trazendo figuras que podiam estar “isoladas” antes, mas que se unem perfeitamente neste momento.

As atuações neste episódio estão excelentes

Ver o ciclo de viagem no tempo do protagonista se concretizando, as surpresas que a investida contra o colapso da TVA provoca e também toda a corrida contra o tempo são um bom destaque também que a direção conseguiu trabalhar perfeitamente. Justin Benson e Aaron Moohead merecem uma gloriosa chuva de palmas depois do que fizeram em toda a sua construção, movendo montanhas para entregar algo digno de uma das maiores produções da Marvel Studios.

E se Loki se encaminhava para algo até previsível, com uma possível mudança de rota para a agência temporal, a ascensão de Victor Timely como o Kang do MCU e mais confusão dentro do multiverso, é bom você não estar agarrado às expectativas. Pois isso tornará as coisas ainda mais dolorosas ao se ver aguardando para a próxima quinta-feira. Conselho de amigo, abandone suas crenças em relação a tudo que imagina da série.

Infelizmente, o que nos deixaram é um grande vazio pelo qual teremos de conviver durante os próximos dias. Imaginar o que pode acontecer é uma coisa, não saber e mesmo assim compreender o rumo das coisas é outra…mas o que eles fazem é abrir um grande buraco que nem mesmo o mais ousado pensaria em uma saída para o tipo de situação que é proposta. Isso porque ainda faltam dois episódios para o seu término, o que é bem pior.

Tudo o que resta em Loki é um vazio

O coração da TVA

O tema do episódio com certeza não é o próprio Loki ou as participações que temos durante toda a exibição. O nome dele é “Coração da TVA” por uma razão e exploramos bastante disso em tela no episódio 4. Ver a interação entre a B-15 e a General Dox, por exemplo, é magnífico e mostra a força que cada uma delas carrega – mesmo sem um papel de muito destaque ou sequer participações mais longas dentro do roteiro principal.

Os protestos de Sylvie, as reações de Mobius, a tentativa frustrada de Loki de “consertar” tudo e até mesmo o encanto de Victor Timely e Ouroboros com o trabalho alheio são excelentes e montam o quanto já estamos mergulhados dentro deste ambiente. Pode notar, apesar de passarmos grande parte da primeira temporada explorando outros locais e vendo como funciona o multiverso, nesta o foco está bem maior no cenário que tiveram construindo para as principais ações da produção.

Se eles representam ou não a salvação da TVA, deixo para o episódio responder

São abertas questões, reclamações, embates e diversos outros pontos que voltam para a TVA em algum momento. Porque, mais do que aqueles personagens e suas vidas, temos um estabelecimento que controla todo o espaço-tempo e ele está entrando em colapso. Independente do que façam, todos têm de se voltar a isso e usar os recursos que já estão disponíveis por lá para dar conta dos acontecimentos.

Independente do que pense ou sinta neste episódio, o foco na TVA não é secundário e você deve ter em mente que ela é uma entidade mais importante até do que o próprio deus da trapaça que protagoniza esta história. Na véspera de uma guerra multiversal e do surgimento de Kang para ameaçar os Vingadores e todas as realidades, o que vemos é uma grande incógnita que nos acompanhará ao menos pela próxima semana. E se ela mudará tudo ou não, teremos de esperar para saber.

Loki está sendo exibido na Disney+ todas as quintas-feiras, a partir das 22h (horário de Brasília). Veja mais em Críticas de Séries!

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