Guillermo del Toro levou mais de cinquenta anos para tirar do papel um dos projetos mais pessoais da sua carreira: Frankenstein. A história, que o cineasta sonha em contar desde os sete anos de idade, finalmente ganhou forma pelas mãos da Netflix, e promete ser o filme mais íntimo e emocional que ele já dirigiu.
Na estreia em Hollywood, del Toro explicou por que o clássico de Mary Shelley ainda tem tanto a dizer. Para ele, o novo Frankenstein fala sobre empatia, perdão e aceitação, sentimentos raros no mundo atual. “Não é um blockbuster, nem uma franquia”, disse o diretor à Variety. “É algo que fala de forma muito direta e autobiográfica comigo, e com muitos outros também.”
Quem acompanha a carreira de del Toro sabe que o tema do “monstro incompreendido” é quase uma marca registrada. Desde A Forma da Água até Pinóquio, ele sempre tratou suas criaturas como reflexos da humanidade. O compositor Alexandre Desplat, que também trabalha no filme, resumiu a ideia com uma frase que define bem a essência do projeto: “É sobre amor e respeito ao outro. Em grego, chamamos de xenofilia, o amor ao estranho. Quando você ama o estranho, ele ama você de volta, e isso muda tudo.”
Jacob Elordi, que dá vida à criatura, disse que o filme é, acima de tudo, uma obra sobre esperança. “Acho que ele exige que sejamos esperançosos, que nos emocionemos e enxerguemos a beleza nas coisas”, afirmou o ator.
Para Mia Goth, que interpreta Elizabeth Lavenza, o desafio foi tão intenso quanto emocionante. A atriz confessou que nunca havia sentido tanto medo antes de um papel. “Eu ficava pensando: ‘Guillermo del Toro está finalmente fazendo Frankenstein, o filme que ele sempre quis fazer, e eu estou nele. E se eu for a parte ruim que estraga tudo?’”, contou. Com o tempo, Mia conseguiu transformar a ansiedade em força criativa. “Decidi me concentrar naquele momento em que você abre os olhos, sente calma e um pouco mais de sabedoria. Foi assim que encontrei a Elizabeth.”
Oscar Isaac, que interpreta o Dr. Frankenstein, revelou que del Toro pediu aos atores para tornarem o filme algo pessoal. “Ele disse: ‘Vocês não podem falhar. Eu fiz este filme sob medida para cada um de vocês.’ Ele abordou a história da mesma forma que Mary Shelley escreveu o livro, como uma expressão pessoal do que ela viveu. E foi isso que ele quis que fizéssemos também.”
Até o processo de escolha do elenco teve momentos inesperados. Felix Kammerer, que interpreta o irmão de Victor, foi convidado para o filme após um encontro inusitado com del Toro no banheiro do Oscar. “Ele me olhou e disse: ‘Quando vamos trabalhar juntos, garoto?’ Achei que fosse brincadeira, mas duas semanas depois meu agente me ligou dizendo que Guillermo queria conversar comigo.”
Para o produtor Scott Stuber, Frankenstein era o “Moby Dick” de del Toro, o grande sonho que ele perseguia há décadas. “Tentamos fazer o filme antes, mas ele sentia que ainda não estava pronto. Agora ele entendeu completamente o que queria contar sobre esses temas e mitos”, disse Stuber.
Depois de tantos anos de espera, o sonho se tornou realidade. Frankenstein, de Guillermo del Toro, chegou aos cinemas selecionados em 17 de outubro e estreia mundialmente na Netflix em 7 de novembro, trazendo consigo uma nova visão sobre monstros, humanidade e o poder de aceitar o que é diferente.
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