Em uma manhã na qual acordei animada e estimulada pelo personagem do livro que estava lendo, resolvi escutar a Nona Sinfonia de Beethoven. Enquanto ouvia toda aquela riqueza de sons já sentia uma grande sensação de bem-estar. Na sequência, segui para a minha aula de natação e não é que melhorei algumas técnicas do meu nado?
Não sei necessariamente se foi pela composição de Beethoven, mas me lembrei daqueles ricões que escutam música clássica enquanto nadam em seus castelos. Muito mais que ser o rei do camarote, ouvir música erudita estimula o cérebro e a inteligência, conforme aponta o estudo do biólogo Nicholas Hudson, da Australian Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization.
Segundo o artigo publicado na BMC Research Notes, a música erudita, apesar de soar mais complexa para quem ouve, é mais decifrável e é armazenada de maneira mais fácil pelo cérebro. Hudson diz que o cérebro comprime a informação musical da mesma maneira que faz um software de computador com um arquivo de áudio: ele identifica padrões e remove os dados dispensáveis.
A pesquisa conduzida por Hudson mediu como o cérebro de 26 voluntários reagia a estilos musicais diferentes, como a música clássica, jazz, pop, folk, música eletrônica, rock, punk, techno e tango. Entre as músicas selecionadas estava “I Should be so Lucky”, da Kylie Minogue, que foi comprimida 69,5% do seu tamanho original; “White Wedding”, do Billy Idol, diminuiu 68,5%; enquanto a Terceira Sinfonia do Beethoven foi reduzida a 40,6%.
Música clássica narra uma história sem palavras
Isso acontece porque a música clássica é organizada, ela tem fases e intensidades que variam como se houvesse um narrador contando uma história sem palavras, mas com instrumentos. Neste caso, o cérebro encontra mais padrões para o trabalho de compressão e, por isso, reúne melhor as informações.
“É da nossa natureza sentir mais satisfação ao atingir uma meta quando a tarefa é mais difícil. As coisas fáceis trazem um prazer superficial. As músicas mais simples, com poucos padrões de compressão, rapidamente ficam irritantes e deixam de ser estimulantes”, explicou Hudson.
Há ainda estudos, como o “The Rewards of Music Listening: Response and Physiological Connectivity of Mesolimbic System”, realizado pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que diz que a música clássica ajuda a melhorar desordens mentais como a depressão, a bipolaridade e a esquizofrenia. Os autores dizem que o estilo tem o poder liberar a dopamina no cérebro que é uma substância química que afeta o estado emocional e impulsiona a sensação de prazer e bem-estar.
Outro exemplo é um estudo conduzido nos anos 1990, chamado popularmente de Efeito Mozart, no qual pesquisadores realizavam testes mentais em três grupos distintos: os que ouviam uma fita de relaxamento, os ficavam em silêncio e os que escutavam uma composição de Mozart durante dez minutos.
Os pesquisadores concluíram que os participantes que ouviram música clássica se saíam melhor em testes e que o efeito durava por alguns minutos. Com todos esses benefícios não há como não se convencer de que ouvir música clássica é uma boa pedida.
Com vocês, a Nona Sinfonia de Beethoven. Aproveite!
Fonte: Livescience | BBC | eHow | Hypescience
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