O astrofísico Neil DeGrasse Tyson se tornou um ícone da cultura pop com suas divulgações científicas de fácil compreensão para o público leigo e seu carisma nato.
Em uma retrospectiva rápida de sua carreira, Neil ocupou cargos em instituições como a Universidade de Princeton, o Museu Americano de História Natural, é autor de 23 livros de ciência, fez parte de incontáveis comissões governamentais, coleciona prêmios de divulgação científica, foi apresentador da série Cosmos: Uma Odisseia do Espaço-tempo e outros programas sobre ciência.
Atualmente, é diretor do Planetário Hayden e comanda o canal no YouTube Star Talk, onde promove o encontro entre a cultura pop e a ciência, convidando celebridades e cientistas para discutir astronomia e tudo sobre o Universo.
No entanto, nada disso impediu que o cientista fosse parado no trânsito pela polícia como suspeito, eventualmente.
No texto “Reflections on the color of my skin” (“Reflexões sobre a cor da minha pele”), o cientista conta como, durante um encontro de astrofísicos, em uma conversa sobre coisas mundanas, todos acabaram relatando terem tido experiências semelhantes com a polícia.
Embora as situações envolvidas fossem diferentes, todos tinham a mesma coisa em comum: além de serem astrofísicos com PhD (o título acadêmico mais alto), tinham a mesma cor de pele.
Em uma observação sobre o atual assassinato de George Floyd pela polícia, Neil faz uma análise do racismo estrutural dos EUA, compartilhando relatos pessoais. Crescido no Bronx, ele conta como desde pequeno seus pais davam instruções para ele e seus irmãos sobre como agir diante da polícia, para não acabar sendo mortos.
Enquanto ele só queria aprender mais sobre o cosmos, e estava mais interessado em olhar para os céus, a cor de sua pele pouco importava. Mas a partir do momento que ele colocava os pés para fora de casa, era um possível suspeito aos olhos da polícia.
O astrofísico cita a primeira emenda americana que assegura os protestos pacíficos, defendendo que não há nada mais americano do que protestar contra atos de abuso de poder. Analisa índices de mortos negros envolvendo força policial e sugere maneiras de aplicar mudanças significativas.
Neil também observa como, olhando para trás, mudanças foram conquistadas nos EUA, embora sejam mínimas ainda. Ele analisa como as mortes pela polícia antes silenciadas, ficando apenas nos bairros, hoje são divulgadas pela mídia e se tornam assunto nacional, inclusive gerando revolta global.
Ponderado, racional e elegante em suas palavras, o cientista compartilha reflexões pessoais sobre a cor de sua pele neste cenário de racismo estrutural, deixando para nós nossas próprias reflexões sobre uma questão pertinente, já que assim como os EUA, ainda temos muito o que aprender sobre nossa herança escravocrata.
O texto foi divulgado em sua página oficial do Facebook e também é narrado em um vídeo do StarTalk.
“Respeitosamente apresentado por Neil DeGrasse Tyson – tentando muito continuar olhando para cima”
Ative as legendas automáticas para português, se for preciso. 🙂
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