Em uma cultura onde estar sempre ocupado é visto como um valor e nossa contemporaneidade nos presenteia com superestímulos, não fazer nada pode ser extremamente difícil para algumas pessoas – e até motivo de vergonha.

Neste mundo de fluxo frenético de informações que oferecem mil possibilidades, temos o culto à superprodutividade: sempre somos estimulados e até coagidos a estarmos fazendo alguma coisa, indo a algum lugar, postando alguma coisa ou até pensando em alguma coisa útil.

Vivemos em função da alta produtividade, e isso influencia até nossos momentos de laser. Quantas vezes você não preencheu seu tempo livre com coisas “produtivas” para não se sentir culpado? Seja ouvindo tal podcast, fazendo outro curso online ou assistindo a um vídeo inspirador que acrescente à sua produtividade? Bem, até ler um livro ou assistir a um filme se tornaram atividades ligadas a tal conceito.

Não é à toa que, ao mesmo tempo, temos como consequência a síndrome de burnout, um distúrbio psíquico caracterizado pelo esgotamento físico e mental.

“Usamos muito mal nosso tempo, este recurso finito”, já disse uma amiga querida, lembrando de um livro o qual dizia que nosso tempo deve ser usado para nos aproximar dos nossos valores.

O conceito holandês niksen aplica um valor oposto a este mundo superprodutivo: reservar um tempo para não fazer absolutamente nada. A prática pode aliviar o esgotamento psicológico que experimentamos neste ciclo de produtividade e cobranças, dando tempo ao nosso cérebro para processar enormes quantidades de informações que recebemos todos os dias.

Não fazer nada é uma arte, que não necessariamente precisa ser para poucos.

O niksen pode ser praticado em qualquer lugar e por qualquer pessoa. A prática consiste em relaxar e deixar a sua mente “vagar”. Ou seja, se permitir mergulhar em devaneios.

A psicoterapeuta Katie Krimer diz que o niksen ajuda a estimular a criatividade, a reduzir o estresse e a ansiedade.

Niksen, conceito holandês te desafia a não fazer nada por um momento

Os benefícios são similares ao mindfulness e a meditação, mas possui métodos chaves diferentes de ambas as práticas. No mindfulness se desenvolve a atenção plena ao presente e as atividades que você realiza no momento presente, já o niksen diz respeito a reconhecer que sua mente está em devaneio, mas se permitir permanecer neste estado por algum tempo, ao contrário de chamar sua atenção para o momento presente.

“As pessoas podem implementar o niksen em suas rotinas diárias, tanto em casa quanto no trabalho. Você pode fazer isso durante um minuto a cada uma hora de trabalho, assim você pode permitir que seu cérebro relaxe, e isso pode ter efeitos benéficos para sua produtividade.”, diz Katie.

Rut Veenhoven, sociólogo e professor da Erasmus University Rotterdam diz que niksen pode ser tão simples quanto “sentar em uma cadeira ou olhar pela janela”, apenas deixando sua mente vagar. Dessa maneira, seu cérebro tem mais espaço para novas ideias.

O que você acha dessa ideia?


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