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Novo papa demonstra preocupação com avanço da inteligência artificial

Em seu primeiro discurso como líder da Igreja Católica, o novo papa Leão XIV – antes conhecido como cardeal Robert Prevost, de Chicago – revelou que sua escolha de nome não foi por acaso. Inspirado no papa Leão XIII, que guiou a Igreja durante a Revolução Industrial no século XIX, o novo pontífice afirmou que vê paralelos entre aquela época de transformações radicais e os desafios trazidos pela inteligência artificial hoje.

Em discurso transmitido no domingo (28), Leão XIV citou diretamente os riscos que a IA pode representar para a dignidade humana, a justiça social e o mundo do trabalho. “Assim como Leão XIII enfrentou os impactos da industrialização desenfreada, cabe a nós agora responder a essa nova revolução tecnológica”, declarou, referindo-se à encíclica Rerum Novarum, documento histórico que defendia direitos trabalhistas em meio à exploração da era industrial.

E as preocupações do novo papa não são infundadas. Por trás da fachada brilhante de chatbots e geradores de imagens, a indústria da inteligência artificial esconde problemas graves. Um exemplo recente é o polêmico datacenter da xAI, empresa de Elon Musk em Memphis, acusado de piorar a qualidade do ar em um bairro majoritariamente negro – onde os índices de asma já são alarmantes.

Além disso, os data centers que alimentam a IA consomem quantidades absurdas de energia e água, a ponto de gigantes como Google admitirem que não conseguirão cumprir suas metas climáticas. E os impactos sociais são igualmente preocupantes: a tecnologia tem sido usada para criar desinformação em massa, deepfakes convincentes e até companhias virtuais que podem afetar a saúde mental, especialmente de crianças e pessoas vulneráveis.

Enquanto o Vaticano se prepara para lidar com essas questões, uma coisa é clara: o papa Leão XIV não pretende ficar em silêncio. Assim como Francisco, seu antecessor, que frequentemente criticou as desigualdades do mundo digital, o novo pontífice parece determinado a colocar a ética no centro do debate tecnológico. Resta saber se as grandes potências, e as próprias empresas de IA, estarão dispostas a ouvir.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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