Antes de Christopher Nolan redefinir o Batman com Batman Begins, o mundo quase recebeu uma versão radicalmente diferente do Cavaleiro das Trevas, e ela vinha assinada por ninguém menos que Darren Aronofsky, o diretor por trás de Requiem for a Dream e Cisne Negro.
Em participação recente no podcast Happy Sad Confused, Aronofsky revelou detalhes sobre seu projeto abandonado de um filme do Batman, classificado como R-rated e coescrito com Frank Miller, inspirado no aclamado quadrinho Batman: Ano Um. A visão do diretor era crua, suja e nada amigável para vender brinquedos.
Sua proposta era um Batman realista, quase marginal. Bruce Wayne não cresceria na luxuosa Mansão Wayne, mas se tornaria um sem-teto após o assassinato dos pais. Alfred não seria o mordomo clássico, e sim um mecânico durão chamado “Pequeno Al”. Tudo seria filmado com estética grindhouse, longe do brilho dos blockbusters.
Aronofsky admitiu que aceitou o projeto com um objetivo em mente: viabilizar The Fountain, seu projeto pessoal de paixão. Mas os estúdios tinham planos bem diferentes. Enquanto ele imaginava Joaquin Phoenix como Batman, a Warner Bros. queria Freddie Prinze Jr. no papel.
O diretor também deixou claro que seu maior motivador era afastar a franquia do tom camp e cheio de clichês deixado por Batman & Robin, de Joel Schumacher. Ele queria desconstruir tudo, especialmente a imagem dos mamilos na fantasia, e reconstruir o mito a partir do zero.
É fácil imaginar que essa versão teria sido a mais sombria e visceral de todas as adaptações do Homem-Morcego. Mas será que o público estaria pronto para um Batman tão brutal e sem concessões?
Enquanto fãs debatem se o herói funciona melhor nas sombras, fato é que a visão de Aronofsky era forte demais para os estúdios na virada do milênio. Quem sabe um dia o projeto não ganhe vida em forma de quadrinho ou animação? Até lá, resta imaginar… e agradecer que, no caminho, tenhamos recebido a trilogia de Nolan.
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