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O brilhantismo e as facetas de Felipe Castilho pela Bienal do Livro de SP

Era impossível não ouvir falar de Felipe Castilho pela Bienal do Livro de São Paulo, tendo contato com o escritor e roteirista em suas várias participações ao longo do evento. O Nerdizmo conseguiu um tempinho na agenda do autor para conversarmos sobre seu trabalho, descobrindo um pouco mais de CARA/COROA, HQ lançada em parceria com Tainan Rocha e Marilia Marz, a duologia Ordem Vermelha, pela Editora Intrínseca, e o que ainda está por vir com o lançamento mundial e simultâneo de Coringa: O Mundo, pela Panini.

Felipe Castilho

Como você consegue trabalhar com sua criatividade para lançar diversas obras incríveis e com propostas diferentes?

Felipe confessou que se acostumou com seu processo caótico de fazer várias coisas ao mesmo tempo, deixando de ficar apenas com um único projeto para não ter a sensação de que está perdendo as possibilidades que passam ao redor. Nas horas vagas e longe do escritório, ele normalmente intercala um quadrinho com uma obra em prosa, conseguindo alternar entre os dois para descansar de um enquanto escreve o outro; este processo também permite dar um respiro à história, respeitando como seu mecanismo interno funciona e permitindo tempo ao ócio, assistindo, jogando e sempre lendo muito. A leitura mantém sua “máquina” sempre lubrificada para ela funcionar como ele desejar.

Felipe Castilho

Essa hora do ócio e o consumo de referências, como elas contribuem com suas obras?

Além do que consumimos e carregamos ao longo da vida, fazendo parte do nosso DNA, o escritor comentou que para ele é impossível, por exemplo, não pensar em Philip K. Dick e Moebius, ou algo que lemos quando mais novo, deixando claro que suas referências são mais urbanas, mesmo quando escreve alta fantasia, e fazendo um paralelo de que Ordem Vermelha seria um Cidade de Deus na Terra Média. No entanto, ele ressaltou que está sempre aberto a novas referências, pois quem está antenado sabe que existe uma energia criativa saindo da galera mais nova e isso exige que ele se recicle para conseguir trabalhar suas narrativas e roteiros. Mesmo o conteúdo mais antigo se manter como fontes boas, a cultura, arte e escrita são horizontais e, independente da idade ou tempo, suas referências e admiração precisam acompanhar essa ideia, dialogando com quem é contemporâneo à sua maneira.

Felipe Castilho

Como é trabalhar com essa representação visual em suas obras pela proximidade com ilustração, seja em HQ ou livro?

Felipe concordou que existe um pouco de olhar para o mercado, para que suas obras consigam se destacar nas vitrines, sejam físicas ou virtuais e com capas que funcionem para chamar atenção, afinal, ainda se julgam a obra pela capa. No entanto, trabalhar próximo de um ilustrador como, por exemplo, Tainan Rocha, com quem possui parceria há mais de dez anos, facilita o processo de compartilhar suas ideias e ter o complemento vindo dele.

Sendo um trabalho 360° e como uma via de mão dupla, as ideias se complementam ao mesmo tempo permitem o trabalho experimental do artista para retirar elementos do cotidiano e enriquecer a representação visual, como conseguiram fazer em Coringa: O Mundo e CARA/COROA. Reconhecendo que em obras com editoras, o caminho comercial acaba tendo um foco maior, porém suas obras autorais permitem essa experimentação assim como fizeram no zine “Quadrinhos é ou não é Literatura?“, com uma capa e elementos que lembram um livro antigo, muito inspirado no trabalho da Laerte e Angeli, e permitindo que eles se mantenham autênticos.

Felipe Castilho

O que podemos esperar do trabalho de Felipe Castilho e suas parcerias para o futuro?

Com a proximidade do lançamento mundial e simultâneo no Brasil, ter trabalhado em Coringa: O Mundo, com a oportunidade de fazer parte do cânone do universo do Batman, contribuindo para esse ícone mundial e um personagem que ajudou em sua construção como leitor, artista e escritor, para Felipe foi uma realização muito importante em sua vida. A DC Comics fez parte do letramento do escritor, com Batman: O Messias sendo seu primeiro quadrinho e Piada Mortal como sua HQ favorita de todos os tempos, e que agora ele também faz parte desse multiverso ao trazer o personagem ao Brasil.

Esse lançamento está impulsionando seu trabalho para o exterior, se dedicando em 2024 ao Mistland, em publicação pela Comixology e em parceria com a Stout Club, como série regular e para um público internacional, que vem sendo uma experiência importante para ter feedback de um público diferente. No entanto, Felipe não deseja abandonar os fãs brasileiros, com o término da Ordem Vermelha, retomando O Legado Folclórico para um relançamento com novas edições. Revisadas e atualizadas, para um público jovem mais atual e reforçando a importância de trabalhar o Folclore em um país como o nosso, o autor também vai trabalhar em um quarto e inédito volume, mas que ainda está em etapas iniciais de desenvolvimento por desejar fazer um trabalho excelente que seus fãs merecem.

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