Conhecer a biografia de artistas nos faz enxergar o conteúdo autobiográfico em suas obras; a necessidade pulsante de contar a própria história e sentimentos. O diário ilustrado de Frida Kahlo deixa claro que suas obras se movem nessa vontade de contar sua vida.
Através de sua história de sofrimento e desilusão, Kahlo se transfigurou em uma linguagem pessoal de símbolos. O curador do Museu da Arte Moderna, Kirk Varnedoe, descreve sua arte como “uma construção do teatro do eu”.
A artista manteve um diário durante dez anos de sua vida, que ficou trancado em segredo após sua morte em 1954. Ele apenas foi publicado quarenta anos depois, com uma introdução do romancista mexicano Carlos Fuentes, pela editora Abrams.
O diário no entanto não traça uma ordem cronológica dos dias de Kahlo. Há poucas datas nas páginas e não há nenhuma escrita sobre seus compromissos ou acontecimentos do cotidiano.
As páginas são preenchidas com 70 hipnotizantes ilustrações em aquarela que parecem ser fruto de seu inconsciente fértil, enquanto são complementados por trechos de poemas, legendas enigmáticas e pensamentos aleatórios.