Glitch Art

Explicar o Glitch Art em uma sentença é uma tarefa praticamente impossível. O movimento, que teve os seus primeiros trabalhos criados no final da década de 70 por Jamie Fenton e Raul Zaritsky, ganhou forças em meados dos anos 90 em Chicago e atualmente se difunde por toda a internet.

No livro Glitch Studies Manifesto, a teorista e curadora holandesa Rosa Menkan define a Glitch Art como uma arte que se apropria das imperfeições dos meios de transmissão digitas — tipicamente vistos como algo negativo — em uma oportunidade.

A criação desta arte, por assim dizer, não ocorre com ferramentas convencionais, mas pela manipulação de elementos digitais ou o próprio uso de equipamentos que não funcionam corretamente.

“Em algum lugar nas ruinas destruídas do significado existe esperança; uma sensação tirufal de que há algo mais do que apenas devastação. Um sentimento negativo dá lugar à uma experiência pessoal, íntima, de uma máquina (ou programa), um sistema mostrando suas formações, funcionamentos internos e falhas. ”, aponta Rosa Menkan.

O Glitch Art não tem um ponto de encontro. Ela se difunde em todos os espaços da mesma forma que a comunicação digital faz parte do nosso cotidiano. Comunidades são criadas dentro de redes sociais como o Reddit, Tumblr, ou sites como o Glitchet, um agregador de materiais didáticos para quem quer conhecer mais sobre as técnicas usadas.

As imagens criadas ganham tanto um tom melancólico e até um pouco assustador, como ver o poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe ganhar vida em sua tela. A repulsa do que não é perfeito, da clareza de monitores LCD/LED que temos espalhados. A arte criada por uma geração que se viu no meio da transformação do analógico para o digital. Daqueles que vêem na mídia digital um espaço para críticas ou reflexões sobre o progresso da tecnologia.

Apontar os principais artistas do movimento também é um esforço infrutífero. Dentro do contexto do Glitch Art, qualquer um pode ser um artista. Alguns trabalhos ganham mais notoriedade do que outros. É o caso de John Karbon, que acompanhado de John Foxx e Steve D’Agostino produziu “Evidence of Time Travel”, um conjunto de obras de Glitch Art mostradas em Londres e Amsterdam entre 2014 e 2015.

Dentre os trabalhos destacam-se “Labyrnth” e “I Always See you Through The Noise”.

É desrespeitoso de nossa parte, não mencionar tantos outros que criam diariamente, com mais ou menos técnica, trabalhos como estes. Da mera manipulação de imagens por meio do Photoshop até tirar do armário aquele Amiga 1200 e colocá-lo em uma antiga TV CRT com o conector de vídeo defeituoso. Se você quer descobrir mais sobre essa arte, recomendamos dar uma olhada em sites como o Rekall, o próprio /r/Glitch_art e o Glitchet.

A internet fez explodir a criação de submovimentos de arte, como o Seapunk, o Vaporwave e o Glitch Art. Ainda é cedo para dizer se estes serão lembrados, incorporados pela mídia tradicional ou apenas esquecidos. Mas uma coisa é certa, na busca constante da perfeição — seja ela definida pelo mercado ou a cultura de uma sociedade — sempre teremos aquele que vê beleza nas imperfeições.

Veja abaixo outros exemplos de Glitch Art:

Glitch Art
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Autor: Lucas Moura

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