Cientistas da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, criaram algo que parece saído de uma história fantástica: o menor violino do mundo, tão pequeno que poderia se equilibrar tranquilamente sobre um fio de cabelo humano.
Com apenas 35 micrômetros de comprimento por 13 de largura, menor que um grão de poeira, o minúsculo instrumento não foi feito para ser tocado, mas sim para demonstrar a precisão impressionante de um novo sistema de nanolitografia que pode revolucionar a forma como lidamos com materiais em escala microscópica.
A façanha foi liderada pela física Kelly Morrison e sua equipe, que usaram um equipamento de ponta chamado NanoFrazor, instalado dentro de uma caixa selada para impedir que partículas de poeira ou umidade interferissem.
O processo começou com um pequeno chip coberto por duas camadas de um material resistente em forma de gel. Com precisão cirúrgica, a ponta aquecida do NanoFrazor esculpiu o contorno do violino.
Depois, os cientistas dissolveram a camada inferior para criar uma cavidade, aplicaram uma fina camada de platina e removeram o excesso com acetona, revelando o violino em todo o seu brilho metálico.
O procedimento em si levou cerca de três horas, mas o caminho até chegar nesse nível de precisão foi feito de muitos testes e meses de tentativas.
O violino microscópico funciona como uma espécie de vitrine das capacidades do sistema de nanolitografia da universidade.
Com ele, é possível criar e estudar estruturas em uma escala de milionésimos de metro, abrindo portas para experimentos com luz, eletricidade e magnetismo em níveis extremamente controlados.
“Nosso sistema nos permite desenhar experiências que testam como os materiais se comportam de diferentes maneiras”, explicou Morrison, entusiasmada com o que o futuro reserva.
A escolha de um violino como “obra de arte” não foi à toa. Além de chamar atenção pelo simbolismo e pela forma detalhada, ele serve como um exemplo visual poderoso do nível de controle que essa tecnologia alcançou.

A imagem do violino ao lado de um fio de cabelo, capturada por um microscópio digital de última geração, ressalta o quanto a ciência de materiais evoluiu.
Mas o projeto vai muito além da curiosidade. A mesma tecnologia já está sendo usada em duas pesquisas na universidade: uma em busca de novos métodos de armazenamento de dados que não dependam de magnetismo, e outra voltada para o uso do calor como forma mais rápida e ecológica de processar informações.

As aplicações são vastas, de dispositivos menores e mais eficientes até soluções mais sustentáveis para o futuro da computação.
“Estou empolgada não só com o que eu posso alcançar com esse sistema, mas também com o que outras pessoas podem criar com ele”, disse Morrison. A criação do menor violino do mundo é só o começo: Loughborough está surfando uma onda de inovação em nanotecnologia, que já inclui desde roupas com energia própria até microrrobôs para entrega de medicamentos. E tudo isso começa com uma ponta quente, um pouco de platina, e muita paciência.
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