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Pantera Negra: Wakanda para Sempre | Crítica

Após sair do cinema e ter assistido Pantera Negra: Wakanda para Sempre, eu tive apenas uma certeza – este é, de longe, um dos filmes mais corajosos de toda a Marvel Studios. Ao menos até agora. Vamos combinar, após o sucesso do primeiro longa e da triste notícia sobre o falecimento de Chadwick Boseman, os olhos estavam voltados para toda a produção por uma legião inteira de fãs confusos.

Afinal de contas, há perguntas primordiais a serem respondidas. O que houve exatamente com o Rei T’Challa? Quem herdará o manto do super-herói mais badass dos últimos anos? Como uma aventura destas honrará a entrada de Namor, o primeiro mutante? Wakanda está no nome do filme, mas como será abordado o país do vibranium sem o seu maior protetor? O que a Coração de Ferro faz ali?

Com muita calma e como se estivesse conduzindo você, o filme vai te explicando e encaminhando por toda a história, mostrando cada uma das respostas necessárias para que possamos seguir em frente. Não para nos esquecermos do passado, mas sim para termos nele uma memória boa e vivermos uma aventura inédita. Neste fator, ele tem o seu maior sucesso já garantido e cativará os fãs que irão com o coração apertado e cheio de questões.

Pantera Negra
Tudo é explicado com calma durante o filme

O fundo do mar em Pantera Negra

Em Pantera Negra: Wakanda para Sempre, vemos o surgimento de Talokan dentro do Universo Cinematográfico Marvel. A cidade submarina está sob risco de ser descoberta e coloca os wakandanos em um ultimato: ou ajudam a subjugar o planeta ou serão eliminados para demonstrar ao mundo o poder da nação aquática.

Namor, o seu líder, é uma excelente adição ao panteão de personagens que conhecemos nessa Fase 4. Atravessando a unilateralidade várias vezes, o vemos como um herói, anti-herói e vilão diversas vezes pelo longa e ele ganha bastante destaque para uma figura antagonista do que já vimos no passado. Para os talokanos, ele é um deus. Wakanda o enxerga como um vilão. Shuri tem diversas visões dele pela produção, assim como a Rainha Ramonda.

Nada disso seria possível sem a gigantesca atuação de seu elenco. Tenoch Huerta impressiona e mostra todo o poder do personagem e também sua glória. Parece, de fato, que pulou diretamente das HQs para ali e a adaptação se apoia em seu incrível carisma. Angela Bassett é outra força sobrenatural no elenco, sendo de longe um dos maiores destaques como a regente atual do país africano. Ela atravessa em segundos o luto, a raiva, a realeza e liderança de forma visível e não tem uma palavra que faça jus ao que representa neste filme.

Tenoch Huerta é incrível como Namor

Até queria dar mais detalhes sobre as quase 3h de Pantera Negra: Wakanda para Sempre, mas acredito que este é um longa-metragem que todos deveriam ir assistir às cegas. Até porque, sendo bem sincero com vocês, podia explicar todas as respostas do que gostaria de saber e não rasparia no tamanho da profundidade que eles atingem. Sim, este é o ponto: eles mergulham nos personagens, heróis e vilões de tal forma que nenhum outro do gênero o fez antes.

Tanto que o ponto dele nem é sobre super-heróis e este universo incrível que acompanhamos desde 2008, com o primeiro Homem de Ferro. É sobre uma nação inteira que perdeu seu rei e precisa despertar no dia seguinte e continuar vivendo. Que tem a necessidade de permanecer de pé enfrentando todos que ousam usurpá-los. Eles querem contar a história de um povo que tem muito mais a oferecer do que um simples traje de vibranium.

Neste ponto é onde atingem o maior sucesso desta produção. Vemos muito mais de Okoye e Nakia, por exemplo. Assim como temos a ampliação de outros papéis, como M’Baku e as demais Dora Milaje. Nem mesmo a introdução de novos seres ali dentro, como a Riri Williams e a inteligência artificial Crio, tira os holofotes deles e mostra que a perda de Chadwick Boseman é sentida, mas não os enfraqueceu. Muito pelo contrário, na verdade.

Pantera Negra
Riri Williams é excelente, mas não tira o destaque dos wakandanos

Nada diminui a magnitude de sua história

Em relação aos fatores negativos de Pantera Negra: Wakanda para Sempre, alguns reclamarão da duração do filme e acho que é algo discutível. A partir do momento que perdemos o protagonista da aventura de forma tão trágica, buscar os personagens de apoio e trazê-los ao destaque exige bastante da direção e de todo o elenco. Além disso, também exige a paciência do público para ser guiado até os pontos cruciais da trama.

Assim como vi muitos reclamando e até falando que certos momentos pareciam “arrastados”, eu mesmo enxerguei como algo necessário para definir aquelas figuras. Não dá para estalar os dedos e falar “olha, você deve prestar atenção aqui agora”. Todos sabemos que isso não funciona. Portanto, muita calma nessa hora e trate de compreender que há toda uma construção em andamento. Ninguém pula etapas e acaba com um sucesso nas mãos.

Muitas coisas levarão até essa cena

Outra coisa que pode incomodar é o CGI. Sabemos que a Marvel Studios passa por dificuldades neste setor e há cenas onde isto é gritante. Sem brincadeira alguma, eu mesmo me senti desconfortável quando vi alguns momentos bizarros, quais não vejo desde o bigode fake de Henry Cavill em Liga da Justiça.

Por outro lado, Pantera Negra: Wakanda para Sempre impressiona em sua fotografia e localização. Talokan foi construída diretamente nos computadores, mas é uma das coisas mais belas que verá nos últimos anos no cinema. A cidade africana está deslumbrante também, assim como as diversas outras locações que são visitadas durante o longa, do Haiti até Massachusetts. Cada uma delas encanta e mostra os pontos positivos de sua travessia pela história.

Pantera Negra
Wakanda está deslumbrante, como sempre

Há alguns outros elementos que ficaram extremamente belos em tela. Ver o exército submarino se mover em baleias e orcas é de uma magnitude absurda. Assim como Wakanda, apoiada em toda a tecnologia, enfrentar os mares como a força da natureza que são é belíssimo. Os confrontos tem coreografias muito boas, assim como as cenas de ação merecem o ingresso pago no cinema.

Ouso afirmar aqui que é um daqueles filmes imperdíveis do estúdio. Não apenas pela transição de manto, mas como storytelling, sabe? Todos eles ficaram com uma missão difícil demais nas mãos e lidaram com isso de forma sentimental e corajosa. Você pode ter todas as críticas do mundo para a atriz Letitia Wright e eu acho válidas, mas a jovem carrega o filme nas costas como Shuri. Até posso apostar que em determinados momentos você esquecerá de todas as polêmicas que ela se enfiou.

Se a sua leitura aqui era decisiva para ir assistir ao filme ou pular mais essa obra da Fase 4 da Marvel Studios, pode ter certeza de que prefiro que vá ver. É algo que não se arrependerá de fazer, nem um pouco. Pode acabar reclamando ou resmungando de alguns dos caminhos tomados pelo roteiro, pela duração extensa do longa ou pela necessidade de desejarem mostrar o futuro dali com afinco. Porém, não conseguirá tirar dele o tamanho colossal que atinge do lado emotivo e da profundidade de seus personagens. Isso que moverá as forças da produção e é isso que merece a sua consideração.

Pantera Negra: Wakanda para Sempre já está disponível nas salas de cinema de todo o país. Veja mais em Crítica de Filmes!

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