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PillTrek: a cápsula inteligente que pode ser engolida para medir pH, temperatura e outros biomarcadores

Pesquisadores do Caltech desenvolveram a PillTrek, uma cápsula do tamanho de uma bala de goma capaz de viajar pelo sistema digestivo enquanto coleta informações valiosas como níveis de pH, glicose e serotonina. Trata-se de uma nova janela para o funcionamento do intestino, com potencial para transformar o diagnóstico e o acompanhamento de inflamações, distúrbios metabólicos e até condições ligadas à saúde mental.

Com apenas 7 milímetros de largura por 25 de comprimento, ela é menor que as cápsulas utilizadas em endoscopias por vídeo e muito mais sofisticada. Dentro dela funciona uma espécie de laboratório em miniatura, um chip que mede diversos marcadores químicos no intestino.

Segundo o professor Wei Gao, que lidera o projeto no Caltech, a intenção foi criar uma plataforma versátil, capaz de identificar metabólitos, íons, hormônios como serotonina e dopamina e possivelmente até proteínas, tudo isso em um ambiente tão complexo quanto o nosso sistema digestivo.

Diferente de biópsias invasivas ou exames de fezes, que oferecem apenas recortes pontuais, a PillTrek envia dados contínuos enquanto percorre o corpo.

Embora a ideia de engolir um dispositivo não seja nova – já existem cápsulas que registram imagens do trato digestivo, o diferencial da PillTrek está em decifrar os sinais químicos que revelam o que realmente acontece por dentro.

Além de registrar temperatura e pH, ela monitora biomarcadores que podem indicar inflamações ou problemas metabólicos. Em testes com animais, a cápsula conseguiu medir com precisão os níveis de glicose e serotonina, o que abre caminho para investigar as conexões entre intestino e cérebro em casos de depressão e ansiedade. “Não é apenas uma ferramenta de diagnóstico. É uma forma de desvendar a linguagem metabólica do intestino”, explica Gao.

Uma aplicação móvel acompanha a cápsula, permitindo ao usuário acompanhar em tempo real os dados coletados enquanto o dispositivo percorre o organismo. Os testes iniciais em modelos artificiais e em animais demonstraram a precisão da tecnologia, e o próximo passo é reduzir ainda mais o tamanho da cápsula e melhorar a eficiência energética para que ela funcione por mais tempo dentro do corpo.

O intestino vai muito além de digerir alimentos: ele concentra hormônios, células imunológicas e neurotransmissores que impactam diretamente o humor e o metabolismo. Mas estudá-lo de forma detalhada ainda é um desafio, já que biópsias são desconfortáveis e caras, e exames de fezes não contam a história completa. A PillTrek surge como uma alternativa menos invasiva para obter essas informações em tempo real.

Segundo a professora Azita Emami, coautora do estudo, cápsulas ingeríveis já mostravam potencial para diagnóstico e monitoramento de doenças crônicas, mas até agora eram muito limitadas em capacidade de detecção, duração e tamanho.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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