A saga Jogos Vorazes chegou ao fim nesta semana, e assim acaba a moda (e o fôlego) das distopias adolescentes (ou, na real, young adults) de Hollywood. Desde Jogos Vorazes, lá em 2012, nós já vimos várias outras franquias parecidas tentando seguir no sucesso do filme, como as sagas Divergente e Maze Runner, ou os esquecíveis O Doador de Memórias e Os Instrumentos Mortais.
Nenhuma delas chegou perto do sucesso de Jogos Vorazes. O primeiro filme trouxe quase $700 milhões para os cofres da Lionsgate, com suas sequências fazendo ainda mais dinheiro (o segundo, Em Chamas, chegou perto de $900 milhões). Para você ter ideia, Divergente e Maze Runner sofreram para chegar na metade do dinheiro que o primeiro Jogos Vorazes fez.
A lógica de Hollywood não foi surpresa nenhuma. Se algo faz sucesso, eles aproveitam (os filmes de herói provam isso), e o público adolescente estava ali, ficando sem o que assistir ao final da saga Crepúsculo (acabou em 2012). Sem os vampiros, e sem Harry Potter (a moda antes disso), os jovens abraçaram Katniss com toda a força, e viram nas distopias uma nova representação dos seus problemas, dos seus medos e anseios. Uma geração que quer se sentir especial, quer se sentir diferente do resto das pessoas, acabou se encontrando nesses jovens que se sobressaem e fazem a diferença dentro de seus universos.
Embora nada tenha superado Jogos Vorazes, as outras distopias também foram abraçadas pelos jovens, até que se tornaram repetitivas e sem novidades. Os mesmos discursos, o mesmo arco dramático e a mesma linguagem ligavam todas as franquias, e, como tudo em excesso, passou a cansar. A saga de Katniss já viu um apoio menor em A Esperança – Parte 1, e as sequências de Divergente (Insurgente) e Maze Runner (Prova de Fogo) também não atraíram muito mais do que os primeiros filmes. A sequência das produções menores foram logo esquecidas e canceladas, e as adaptações que ainda serão lançadas já parecem fracas na divulgação (como o A 5ª Onda).
O problema que gerou o desgaste dessas histórias acaba por ser seu tema. Todas, como dito antes, trazem muitas semelhanças e poucas diferenças realmente significativas, ainda mais no cinema. As linguagens são parecidas, e, ao invés de se diferenciarem, como os filmes de herói, por exemplo (pegue Marvel e DC, ou compare O Soldado Invernal com Guardiões da Galáxia), as produções são sempre iguais, trazendo aventura e ação com cortes parecidos e sem mudanças no tom do filme. Jogos Vorazes acaba se destacando por ter sido o primeiro dessa leva, e por ter conseguido aumentar o nível de suas produções ao longo dos filmes, mas o resto é sempre parecido, com atores ou diretores melhores, mas um núcleo, uma base igual.
A próxima moda adolescente de Hollywood
Ainda há uma sobrevida para as distopias juvenis. Maze Runner e Divergente têm mais dois filmes pela frente, mas a perspectiva não é das melhores. É provável que sejam o fim da moda das distopias, que jovens voltem a procurar uma nova moda para seguir, um novo estilo que lhes entregue o que procuram. Agora, qual será ele?
Um candidato claro está no passado. Harry Potter (o universo, muito mais importante do que o personagem) voltará aos cinemas em uma nova trilogia, que adaptará o livro Animais Fantásticos e Onde Habitam. É praticamente um fato que o fandom do bruxo (potterheads, levantem suas varinhas) é a mãe dos fandoms jovens, é a base sob a qual todos os outros se montaram, e por isso atrai a todos. Agora, será que a trilogia trará novas adaptações de fantasias consigo?
Alguns podem achar que as space operas, como Star Wars, vão dominar os próximos anos. Eu não duvido nada, já que teremos vários filmes da saga, seja da nova trilogia ou derivados, além da Marvel explorando seu universo espacial. Contudo, esses filmes tem um aspecto muito mais geral do que as distopias, focadas mais no público adolescente, feitas especialmente para eles.
Bruxos, vampiros e distopias já passaram. Qual será a próxima moda adolescente do cinema?
Autor: Guilherme Souza