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O Quarteto Fantástico nunca teve uma vida fácil no cinema. Sua primeira adaptação, em 1994, nem chegou às salas de exibição, e as duas produções da Fox não encontraram amor entre público e crítica. Uma história turbulenta, que só piorou com a nova adaptação da equipe aos cinemas, agora sob os cuidados de Josh Trank.

A produção conturbada

Desde o início das gravações, o filme parecia fadado ao fracasso. Foram inúmeros os rumores envolvendo problemas de produção, má conduta do diretor, problemas com roteiristas e insatisfação do elenco e produtora. Houveram refilmagens, a Fox interviu para mudar pontos (e não devem ter sido poucos) da história, e muitas entrevistas para diminuir os danos aconteceram, mas nada disso funcionou no final. Quarteto Fantástico é um filme quebrado, com uma face de Josh Trank e seu Poder Sem Limites, e outra da Fox e suas usuais produções heroicas.

Isso fica claro ao assistir ao filme. No primeiro ato nós temos uma trama densa e muito mais próxima da ficção científica do que da aventura. A exploração é o grande objetivo, é a busca por respostas a perguntas ainda não conhecidas, e isso funciona muito bem. A construção de Reed Richards nesse ponto é boa, assim como as interações entre os atores Miles Teller (Richards), Kate Mara (Sue Storm), Michael B. Jordan (Johnny Storm) e Toby Kebbell (Victor Von Doom), que podem mostrar mais sua química, até que ela se perde completamente com o passar do filme.

E isso ocorre ao longo do segundo ato, onde o tom do filme começa a mudar, passando a algo mais aventuresco, mas sem querer deixar a ficção de lado. A balança se desequilibra ainda mais quando Victor surge como Dr. Destino, acabando com o ritmo do filme e transformando-o em uma sucessão de cenas de ação medianas e sem inspiração, onde os heróis salvam uma Terra com a qual pouco nos importamos. Tudo fica superficial demais, sem desenvolvimento por conta da passagem rápida de cenas, em um claro desespero da montagem para gerar o embate final.

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A Superficialidade do Quarteto Fantástico

Com esse problema de produção e direção, os personagens acabam levando a pior. E não estou falando aqui das mudanças em relação aos quadrinhos (como a origem dos poderes, ou a família Storm), mas sim da construção deles como indivíduos e equipe. Após ganharem os poderes, os personagens deixam sua construção de lado para dar espaço a inúmeros clichês superficiais (principalmente nos diálogos). Johnny é o campeão deles, com seus discursos de usar os poderes, e tanto o Coisa quanto Sue mal aparecem ou tem cenas com um mínimo de ação ou construção até o final do filme.

E não acaba aqui. Durante o primeiro ato, alguns dramas são construídos, para então serem esquecidos no final. A relação entre Reed e Ben (Jamie Bell) é esquecida ao longo da trama, assim como o drama da família Storm, onde Johnny se sente isolado de seu pai e irmã. Tudo deixado de lado para a apresentação do Destino, o mais superficial de todos, com um plano que pouco preocupa e pouco importa na história. O fato da luta final durar pouquíssimo tempo, sendo resolvida com um uso sem graça dos poderes de uma equipe mal-construída, é o ápice dos erros.

É uma pena ver algo com potencial terminar do jeito que terminou. O talentoso elenco pouco conseguiu mostrar, assim como o diretor, e a primeira metade do filme, tão boa, apenas nos deixa tristes no final, pensando no potencial que havia ali, desperdiçado para dar origem a um Quarteto Fantástico que é incompleto como ficção, e quebrado como um filme de herói.

Quarteto Fantástico está longe de ser o pior filme de herói dos últimos anos (é difícil superar Elektra, Lanterna Verde, Wolverine: Origins…), mas deixa um gosto amargo na boca. É mais uma falha para os heróis na telona, e mais um capítulo turbulento na história da equipe.

2estrelas

quarteto-fantástico-críticaQuarteto Fantástico

Diretor: Josh Trank

Roteiro: Simon Kinberg, Jeremy Slater e Josh Trank

Duração: 100 minutos

Elenco: Miles Teller, Michael B. Jordan, Kate Mara, Jamie Bell, Toby Kebbell, Reg E. Cathey

Lançamento: 06 de Agosto de 2015

Autor: Guilherme Souza

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