Já se passaram 22 anos desde a estreia de O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas, e só agora Ridley Scott resolveu abrir o jogo sobre os motivos que o levaram a recusar a direção do longa. O cineasta, responsável por clássicos como Alien e Gladiador, chegou a receber uma proposta de nada menos que 20 milhões de dólares para assumir a continuação da franquia criada por James Cameron, mas preferiu dizer não.
O curioso é que a oferta tinha um sabor de ironia cinematográfica. Cameron havia dirigido Aliens, sequência de Alien, o marco do terror espacial assinado por Scott em 1979. Se Scott tivesse aceitado Terminator 3, seria como inverter os papéis: cada um tendo colocado sua marca no universo do outro. Mas, segundo ele, o projeto simplesmente não tinha a ver com sua visão artística.
Em entrevista ao jornal The Guardian, Scott contou que, no início, chegou a brincar com o estúdio pedindo o mesmo cachê que Arnold Schwarzenegger recebia para interpretar o icônico T-800. Para sua surpresa, a produtora aceitou. Ainda assim, mesmo diante de um contrato milionário, o diretor resolveu recusar, dizendo que não poderia embarcar em algo que não era “a sua praia”. Nas palavras dele, Terminator sempre foi uma espécie de “história em quadrinhos pura”, e sua tendência natural seria tentar deixá-lo mais realista e sombrio, o que acabaria descaracterizando a essência da franquia.
O resultado todos conhecem: Jonathan Mostow assumiu a direção e entregou um filme que até hoje divide opiniões, considerado por muitos uma repetição sem brilho das ideias originais. Há quem acredite que Scott poderia ter elevado a qualidade da produção, mas o próprio cineasta admite que provavelmente não teria encontrado o tom certo para o universo dos exterminadores.
A decisão mostra não só integridade artística, mas também uma autocrítica rara em Hollywood. Scott reconheceu que seu estilo épico e detalhista, tão presente em suas obras históricas e em ficções científicas mais densas, dificilmente se encaixaria em uma franquia que mistura ação explosiva com um clima quase cartunesco.
Se por um lado é tentador imaginar como seria um Terminator 3 dirigido pelo mesmo homem que deu vida ao pesadelo claustrofóbico de Alien, por outro, talvez a maior contribuição de Scott tenha sido justamente saber a hora de dizer não. Afinal, como ele mesmo disse, não adiantaria aceitar um cheque gordo para depois entregar algo que não respeitasse o espírito da saga.
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