Bem que eu achei que Star Trek: Strange New Worlds estava demorando para nos trazer um grande impacto. Após dois episódios cheios de esperança e tranquilidade, a história muda de lado e no episódio 3 temos algo mais sombrio. Focada na imediata da Enterprise, Una, temos um capítulo mais sério e que nos traz uma atmosfera de risco correndo do início ao fim. Porém, isso não soa nada ruim e atinge através dos questionamentos que fazemos de nossa espécie.
Uma grande parte da equipe parte para um planeta devastado por constantes tempestades, onde pesquisam sobre a sociedade que vivia ali. Enquanto Una e uma parcela conseguem retornar para a nave, Pike e Spock ficam presos por lá devido à interferência. A partir disso, temos duas frentes: o que acontece dentro da sala de comando e os eventos que rolam com os dois personagens que estão enfrentando o caos lá embaixo.
Enquanto Pike e Spock tem de encarar aquilo que destruiu os seres vivos de Illyria, Una enfrenta uma doença contagiosa que está afetando toda a tripulação. Ambos os lados são levados ao seu limite, com um enredo que não falha em nenhum momento em nos deixar apreensivo sobre o futuro daqueles personagens. Por mais que o seriado seja sobre esperança, este episódio deixa no ar que se eles tiverem de contar algo mais tenso não hesitarão. E, sendo sincero, mudar assim e manter a qualidade é algo que considero bem difícil.
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Mudança de ares em Star Trek
Um dos destaques do episódio de Star Trek: Strange New Worlds é sobre o preconceito, qual é muito bem-definido sobre a nossa espécie. Os Illyrianos são um tabu para a Frota Estelar, por todas as modificações corporais que passam ao longo da vida. Eles nunca foram permitidos fazer parte da união dos planetas, sendo deixados para a extinção sem o menor auxílio. Há toda uma discussão sobre o assunto, principalmente ao redor de Una e Pike. Explicando o caso de forma didática, mas sem soar infantil, mostram como isso pode ter sido um grave erro que foi cometido pela humanidade.
O outro, que atinge níveis mais pessoais, é sobre as motivações e ambições de cada um. A doença que se espalha por toda a nave força a tripulação a estarem mais próximos da luz forte. Enquanto parte dela não oferece resistência e só ocupa cadeiras do centro médico, quem detém o maior poder lá dentro passa a ser uma ameaça para todo o restante. Una e mais duas personagens que não são afetadas se veem obrigadas a confrontar isso e traz momentos bem tensos para cada um deles.
Vale aqui continuar aclamando a atuação de toda equipe, qual torna bem crível que estes problemas são gravíssimos e causam certo impacto em cada um de seus personagens. Todos estão espetaculares e mantém o nível de qualidade que nos deixou apaixonados nos dois últimos capítulos. Olhem, ouso dizer que esta é a melhor equipe que já vi neste universo atualizado da franquia. Digo isso sendo apaixonado demais por todo elenco da Discovery e até curtir a trilogia cinematográfica, ainda que carregue seus erros nas telonas.
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Neste aspecto, temos uma elevação na história e direção que mostram que são capazes de contar e mostrar o que for preciso para o avanço daquela trama. Você verá aqui alguns membros da Enterprise se confrontando de forma séria, ameaças galácticas, a morte botando um pé para dentro da nave de forma bem invasiva e até a ideia de que certos personagens realmente não terão mais salvação. Sem entregar spoilers do que rola em Star Trek: Strange New Worlds, seja um fim positivo ou negativo, há uma mudança de status para qualquer uma das hipóteses. Ninguém sai dali igual da forma como o episódio começou.
Não ouso dizer que foi um episódio melhor do que seus dois anteriores, quais também foram excelentes. Porém, dos três, este foi o que mais me deixou preso no sofá para saber como sairiam destas situações. A esperança dos anteriores foi substituídas abruptamente e esta mudança de ares foi muito importante para não nos deixar acostumados com finais felizes e personagens bonzinhos demais. Escancarando as falhas de alguns, temos algo realmente humano para ser visto e que mantém a produção em um patamar superior às demais que assistimos.
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Explorando as entranhas de ser humano
Outro grande acerto foi discutir temas que até hoje são fortes debates em nosso cotidiano. Desde nossas próprias motivações ao preconceito que temos: entre nós e para com os demais, passando um pouco pelo que estamos dispostos a mudar para atingir nossos objetivos e o quanto é correto ou errado esconder informações para manter um bom relacionamento. Eles conseguem aprofundar cada um destes assuntos, sem se perder ou parecer superficial, levando nossos heróis a um mergulho na ética e questionamentos pessoais.
Começamos e terminamos o episódio de Star Trek: Strange New Worlds com o diário de bordo de Una, qual determina que essa história pode sim ser cheia de esperanças e ainda assim entrar em aspectos sombrios sem se perder. Por mais que não tenhamos uma saga fixa ou algo para nos segurar enquanto a equipe da Enterprise viaja por aí em sua jornada de descobertas, acompanhar estes personagens crescerem e mudarem é tão gostoso que nem reclamarei ou levantarei esta bandeira novamente. Estamos em mãos seguras, tenham fé.
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Por fim, a única falha que encontrei foi terem desaparecido completamente com Sam Kirk. Ele foi introduzido à tripulação no fim do primeiro episódio, no segundo acaba sendo nocauteado logo no início e neste, que justamente trata sobre uma doença viral e ele, como responsável pelo núcleo científico da Enterprise, poderia ter resolvido…nem chega a aparecer. Sinto que estão brincando com isso, o que pode não ser uma boa ideia no geral.
Ainda que tenhamos outros personagens que também não estão sendo tão destacados quanto deviam, este acaba sendo o mais gritante pela atmosfera que eles próprios criaram em cima de sua presença na nave. Vamos combinar, o irmão do lendário Capitão Kirk é algo que chama a atenção e nos faz querer saber mais sobre ele e como a família terá essa interação. Porém, não foi o que tivemos em nenhum dos três episódios e isso acaba se tornando um pouco chato.
Não me entendam errado, estou achando tudo maravilhoso e amando o desenvolvimento dos demais. A jornada está boa. Só não acho justo para quem está mega curioso sobre esta existência dentro da nave, que continua sendo jogada para o escanteio como se fosse um cadete qualquer. Eu realmente espero que isso mude nos próximos e nos traga algo de acordo com a sua relevância. Principalmente por sabermos que o Kirk “correto” fará parte da segunda temporada do seriado.
Star Trek: Strange New Worlds está sendo exibido através da Paramount+, todas as sextas-feiras a partir das 5h. Veja mais em Críticas de Séries!
Nada muito novidade do que já vimos em outros shows de Star Trek. Mas ainda assim o tema é tão controverso que não deixa de gerar bons episódios. Eu gostei