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Star Trek: Strange New Worlds – T2xE7 | Crítica

Pois é, caros leitores, primeiramente gostaria de pedir perdão por não trazer a crítica de Star Trek: Strange New Worlds a tempo para vocês – não fazia a menor ideia que o episódio inédito tinha sido adiantado em prol da San Diego Comic-Con. O fato de haver zero marketing em cima disso também contribuíram para eu saber de sua existência alguns dias depois de seu lançamento, mas como o ditado “antes tarde do que nunca” sempre cabe em algum canto, me reservo a utilizá-lo.

Em segundo lugar, finalmente tivemos o tão esperado crossover entre SNW e Lower Decks, o desenho animado que se passa no Século XXIV e traz diversos elementos do futuro da franquia. Lá, temos a dupla Beckett e Boimler, dois membros da tripulação da USS Cerritos que acabaram em uma missão para estudar uma máquina ancestral – até a descoberta de que ela era, na verdade, um dispositivo de viagem no tempo que envia os personagens ao passado, justamente na época de Strange New Worlds.

Eu devo dizer aqui o quanto perfeito este crossover foi, principalmente por transmitir alguns aspectos da franquia que apenas Boimler poderia passar – interpretado por seu próprio dublador, Jack Quaid (The Boys, Jogos Vorazes). Por ser um fã do Capitão Pike e dos clássicos personagens desta história, muitas vezes uma reação nossa é transmitida por ele e isso torna o capítulo algo ainda mais divertido e, em determinados aspectos, um pouco mais triste também.

O humor toma conta da USS Enterprise

Impacto de dimensões em Star Trek

O episódio todo é focado em Boimler, apesar da grande participação que temos do próprio Spock, Uhura e do Capitão Pike. Trazendo todo o humor da animação para Star Trek: Strange New Worlds, é muito interessante ver como os atores são extremamente versáteis e conseguem acompanhar o timing cômico que as situações exigem. Nisso, vale destacar Rebecca Romjin e Ethan Peck como os principais motivos que vão tirar uma risada sua durante a história.

Enquanto o oficial tenta ao máximo não alterar a linha do tempo, algo que mostra ser completamente fora da realidade, também temos a presença de Beckett – interpretada também por sua dubladora, Tawny Newsome. Se de um lado temos alguém que teme sair da linha e quer mostrar aos seus “heróis” o quanto aprendeu com eles, do outro temos alguém totalmente extrovertido e que está disposta a mexer um pouco na equação para obter os resultados que espera das situações – o que pode ou não causar ainda mais confusão.

Tenho de admitir que não esperava que fosse tão engraçado, considerando o quanto o seriado tenta se voltar para lições de vida, moral e drama de vez em quando. Claro que há um determinado humor, como destacaram na transformação de Spock para “100% humano”, por exemplo. No entanto, são pontos fora da curva. Aqui mostraram que também há espaço para risadas, uma pena que exigiu um crossover para se aproveitar deste espaço. Não me entendam errado, caros leitores, não quero que tudo vire uma piada. Só curti este viés com algumas situações envolvendo os personagens.

Boimler e Beckett brilham no live-action

Também devo assumir que Star Trek: Strange New Worlds conseguiu trazer, em meio a tudo isso, um debate bem distinto sobre viagens no tempo. Temos todo este dilema de “conheça seus heróis” e de “não alterar a linha do tempo”, mas o que me pegou foi um diálogo do próprio Capitão Pike com a sua equipe. Ele aborda que ter um viajante do tempo em uma nave é preocupante. Ter dois, é um verdadeiro desastre. Isso me fez refletir bastante nesta questão, percebendo que realmente poderia ser algo catastrófico para atingir um determinado ponto para onde deveriam seguir.

A série também soube abordar bem esta questão temporal em um descontraído, mas intenso, diálogo entre Boimler e Pelia. Como lidar com o futuro quando você viveu por centenas de anos, se não milhares. O impacto para ela é totalmente diferente dos demais, porque isso pode representar um piscar de olhos para a personagem – enquanto, para os demais, é uma vida inteira. Enfim, assistam que garanto que tirarão boas questões para refletir sobre a criação de linhas do tempo alternativas e também viagens temporais.

Nada pode ser revelado, mas isso não impede Beckett de bater papo

O foco está na profundidade

Por ser um crossover, não espere também que haja algum desenvolvimento do que acompanhamos nos episódios anteriores. Nem mesmo o Capitão Kirk é citado no capítulo, desconsiderando toda a trajetória que o personagem teve com a tripulação nos últimos arcos. O foco é a interação Boimler-Beckett e toda a tripulação da USS Enterprise, gerando humor e também mostrando como a nossa visão (e a deles) pode se tornar equivocada em determinadas situações.

Admiro a coragem da produção de Star Trek: Strange New Worlds de “pausar” sua trajetória para tomar um respiro destes e se unir a um outro projeto para ambos serem explorados. Levando em consideração que o trem já estava acelerando e cada vez mais tivemos respostas e novos desenvolvimentos, às vezes este momento serviu para tomarmos um ar para aproveitar o que está por vir. Isso exige certa desenvoltura de toda equipe, algo que tiraram de letra.

A viagem no tempo e entre as dimensões

Ainda assim, tivemos um certo avanço na história entre Spock e a enfermeira Chapel – algo que notei ser um dos principais alvos desta segunda temporada. Boimler acaba revelando qual o status que o Meio Humano/Meio Volcano assume e o reconhecimento de toda a sua seriedade no futuro, dando a entender que a presença da personagem e o romance deles não devem mais impactar a sua vida em algum momento. Apesar das trapalhadas, esse é um momento bem triste e conseguem transmitir de forma apropriada o que costuma ser chamado de “torta de climão”.

Como disse no fim da primeira temporada, eu gostaria de explorar ainda mais a franquia e estou devendo o início de Lower Decks ao público – principalmente pela necessidade de ver outras séries, o que torna a preguiça um pouco maior. Porém, aos desavisados, o episódio deixa um grande impacto e me despertou ainda mais o interesse naquele universo animado e em seus personagens. Tanto para ver o que levou eles até ali e acompanhar para onde vão. Quem sabe esta não seja outra porta de entrada que se abre, para ambos os lados?

Star Trek: Strange New Worlds está sendo exibida todas as quintas-feiras na Paramount+ (este episódio, em particular, foi adiantado para impactar durante a San Diego Comic-Con). Veja mais em Críticas de Séries!

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