Imagine ligar o computador e ver uma clareira na floresta com uma cabana rústica surgindo na tela. Você aperta a tecla W e, de repente, está andando por esse cenário, com as árvores balançando enquanto move o mouse. Só que isso não é um jogo tradicional criado com meses de trabalho em motores gráficos como Unreal ou Unity. É o Odyssey, uma iniciativa ousada de uma startup que está apostando em um conceito novo: mundos interativos gerados por inteligência artificial em tempo real, que funcionam como se fossem um jogo em primeira pessoa.
A Odyssey foi fundada por Oliver Cameron e Jeff Hawke, dois nomes que vêm do setor de carros autônomos, e agora estão se aventurando em um projeto que até parece ficção científica: criar mundos 3D instantaneamente, totalmente gerados por IA, sem o uso de motores gráficos convencionais.
Em vez de carregar mapas e personagens prontos, o modelo da Odyssey cria o ambiente na hora, transmitindo quadros de vídeo a cada 40 milissegundos.
Ao contrário de muitos modelos de IA que usam imagens ou vídeos coletados da internet, a equipe desenvolveu seu próprio equipamento: um sistema de câmeras 360° montado em mochilas, capaz de capturar paisagens reais com altíssima qualidade.
“Estamos construindo um grande banco de dados de lugares reais, tudo capturado em 3D com nosso dispositivo próprio”, explicou Oliver Cameron. No teste gratuito disponível no site da empresa (para quem tem uma GPU potente o suficiente), já é possível explorar, por exemplo, uma cabana no meio do mato ou um shopping center, tudo gerado sob demanda.
A experiência lembra uma versão borrada do Google Street View, com um toque de imersão. Como a própria empresa admite, a tecnologia ainda está longe da perfeição: as texturas tremem, o ambiente pode parecer instável e até mudar de forma durante a exploração.
Um relatório do TechCrunch destaca que os visuais ainda são distorcidos e os espaços podem não manter uma coerência total.
Apesar disso, o potencial é enorme. Jogos são o uso mais óbvio, mas a Odyssey mira mais alto: imagina cineastas criando cenas interativas, onde o público pode escolher para onde a história vai; professores conduzindo excursões virtuais por locais históricos recriados em tempo real; ou até passeios turísticos por cidades distantes, renderizadas por IA. “Estamos pesquisando formas de representar esses mundos de maneira mais rica, com mais estabilidade e memória do que o que já é possível agora”, compartilhou a empresa.
É só o começo, mas o Odyssey já aponta para um futuro onde a fronteira entre vídeo, jogo e realidade virtual pode desaparecer de vez.
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