Cinema

Steven Soderbergh revela por que Tubarão de Spielberg é o filme mais revolucionário de todos os tempos

Para Steven Soderbergh, cineasta consagrado por obras como Traffic e Contágio, há um filme que se destaca como a maior revolução do cinema: Tubarão, de Steven Spielberg.

Em entrevista ao Deadline para celebrar os 50 anos do clássico, Soderbergh não poupou elogios à obra que redefiniu Hollywood e consolidou Spielberg como o maior diretor da história.

“Eu tinha 12 anos quando vi Tubarão pela primeira vez, e saí da sessão com duas perguntas na cabeça: ‘O que significa “dirigido por”? E quem é Steven Spielberg?'”, contou Soderbergh. “Era o filme mais ‘filme’ que eu já tinha visto – uma combinação explosiva de conceito genial e técnica brilhante.”

Mas o que realmente impressiona Soderbergh, mesmo cinco décadas depois, é a construção dos personagens. Cita como exemplo a cena do USS Indianapolis, nove minutos ininterruptos de diálogo entre os três protagonistas no barco. “Imagina uma cena dessas no meio de ‘Guerra nas Estrelas’? Impossível!”, brinca.

A produção foi um verdadeiro pesadelo: o tubarão mecânico que não funcionava, as filmagens em alto mar, o orçamento estourando. “Eles estavam literalmente tentando fazer algo que talvez fosse impossível”, lembra Soderbergh. “Mas Spielberg não desistiu. É uma lição para qualquer cineasta: nunca entre em pânico e nunca abandone o barco.”

Além da qualidade do filme, Tubarão mudou a forma como os filmes são lançados e comercializados. Foi o primeiro blockbuster de verão, com estreia em centenas de cinemas simultaneamente, estratégia que a Universal apostou ao perceber que tinha um fenômeno nas mãos.

Soderbergh vai além: acredita que Spielberg ainda é subestimado, mesmo sendo o diretor mais bem-sucedido da história. “Ele faz coisas que, se fossem de outro cineasta, seriam consideradas obras-primas. Mas como ele repete isso com frequência, as pessoas não dão o devido valor.”

O exemplo mais absurdo? Lançar Jurassic Park e A Lista de Schindler no mesmo ano. “Isso é ridículo. Qualquer outro diretor teria ido parar no hospital”, diz Soderbergh.

Para o cineasta, Tubarão foi o momento em que um talento único surgiu e mostrou ao mundo o que o cinema poderia ser. “Não havia outro diretor no planeta que teria sobrevivido àquela produção e ainda feito um filme tão bom. E 50 anos depois, ainda estamos sentindo o impacto disso.”

Uma coisa é certa: enquanto novos filmes tentam recriar a magia do cinema, “Tubarão” continua lá, intacto, como prova de que algumas histórias, e alguns diretores, são realmente atemporais.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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