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Studio Ghibli e gigantes do Japão exigem que a OpenAI pare de usar suas obras para treinar o Sora 2

O lendário Studio Ghibli e um grupo de gigantes da indústria criativa japonesa estão exigindo que a OpenAI pare imediatamente de usar suas obras para treinar o modelo de vídeo generativo Sora 2. A solicitação foi feita por meio de uma carta enviada pela Content Overseas Distribution Association (CODA), uma entidade japonesa que atua na proteção da propriedade intelectual e no combate à pirataria no exterior.

O documento, encaminhado no fim de outubro de 2025, expressa a crescente preocupação das empresas japonesas com o uso de material protegido por direitos autorais para treinar modelos de inteligência artificial. Entre as companhias representadas pela CODA estão nomes de peso como Bandai Namco, Shogakukan e Square Enix. Todas afirmam que o atual modelo de “opt-out” adotado pela OpenAI, que exige que criadores solicitem manualmente a exclusão de suas obras, não é suficiente sob a legislação japonesa, que determina a necessidade de consentimento explícito para qualquer uso derivado, incluindo o treinamento de IA.

Na carta, a CODA afirma ter identificado fortes indícios de que o Sora 2 utiliza conteúdos japoneses como base de aprendizado, o que estaria resultando em vídeos e imagens muito semelhantes a produções originais. Segundo a associação, a reprodução de obras específicas durante o processo de aprendizado pode configurar violação de direitos autorais.

Lançado em setembro, o Sora 2 é um dos modelos de IA mais avançados da OpenAI, capaz de gerar vídeos de alta qualidade a partir de simples comandos de texto. O problema é que muitos dos resultados lembram de forma impressionante o estilo visual de animações japonesas, especialmente o traço inconfundível do Studio Ghibli, conhecido mundialmente por clássicos como A Viagem de Chihiro e Meu Amigo Totoro. Para os artistas, o debate vai além da questão técnica: trata-se de preservar a autoria e o valor humano por trás de estilos artísticos únicos, que agora estão sendo reproduzidos por algoritmos sem permissão.

A discussão não é nova. No início deste ano, o gerador de imagens integrado ao ChatGPT provocou uma enxurrada de “selfies ao estilo Ghibli” e retratos de pets desenhados como personagens do estúdio, alimentando uma tendência viral nas redes sociais. Até o próprio CEO da OpenAI, Sam Altman, entrou na onda, trocando sua foto de perfil no X (antigo Twitter) por uma versão “ghiblificada”. O episódio foi duramente criticado por criadores e serviu de exemplo do tipo de apropriação estética que a CODA agora tenta barrar formalmente.

A OpenAI ainda não respondeu publicamente à carta, mas a pressão internacional sobre a empresa aumenta. O posicionamento firme do Japão pode inspirar outras nações e indústrias a repensarem os limites do “uso justo” no treinamento de IAs. No fim das contas, o embate levanta uma questão fundamental: à medida que ferramentas como o Sora 2 tornam cada vez mais fácil imitar o estilo de qualquer artista, até que ponto os criadores conseguirão manter controle sobre aquilo que faz sua arte ser única?

Veja mais sobre Studio Ghibli.

Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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