O cinto de castidade faz parte daquelas histórias que todo mundo já ouviu falar. Um objeto medieval supostamente usado para garantir a fidelidade feminina enquanto os maridos iam para guerras.
Mas será que isso realmente aconteceu?
Para Albrecht Classen, especialista em estudos medievais, a resposta é clara: não.
Os cintos de castidade metálicos, usados para impedir relações sexuais, são mais fruto da imaginação do que de fatos históricos.
O que eram os cintos de castidade?
Culturalmente, os cintos de castidade aparecem em histórias e até livros antigos como símbolos de fidelidade e pureza.
Um exemplo disso está em textos teológicos que mencionam “o cinturão da castidade” como metáfora, e não como um item real.
A primeira ilustração conhecida de um cinto de castidade surgiu em 1405, num livro de engenharia militar chamado Bellifortis.
Porém, esse mesmo livro traz objetos absurdos como dispositivos para invisibilidade e até piadas sobre flatulência. É mais provável que o desenho do cinto também tenha sido uma brincadeira.
Por que acreditamos nesse mito?
Com o tempo, especialmente a partir do século 16, gravuras e ilustrações começaram a retratar cenas de esposas usando cintos de metal enquanto seus maridos partiam em viagens.
Mas mesmo essas imagens eram mais satíricas do que sérias, sempre mostrando um amante escondido com a chave do cinto em mãos.
Classen acredita que esse mito persiste porque explora fantasias humanas sobre sexo, controle e poder.
Para os homens, é a ideia de controlar o desejo feminino. Para as mulheres, é um símbolo da crueldade masculina.
O que realmente existiu?
Os poucos “cintos de castidade” exibidos em museus foram, na verdade, criados nos séculos 18 e 19, como curiosidades ou piadas, e não como objetos medievais.
Além disso, a lógica do cinto falha no aspecto prático: como ele permitiria funções básicas como urinar, menstruar ou manter higiene sem inviabilizar sua suposta função?
O legado moderno
Embora os cintos de castidade medievais sejam mitos, o conceito ganhou vida no século 21 como objetos de fetiche.
Eles representam mais o interesse humano por fantasias sexuais do que uma prática histórica real.
No final das contas, o cinto de castidade é um exemplo perfeito de como histórias inverossímeis podem se tornar “verdades” culturais, mostrando mais sobre nossas fantasias do que sobre o passado medieval.
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