Cinema

Uma Homenagem a Val Kilmer (1959–2025)

Val Kilmer, o ator que nos presenteou com muitas interpretações marcantes, faleceu em Los Angeles aos 65 anos. Sua filha, Mercedes, informou ao The New York Times que a causa foi pneumonia.

Kilmer lutou por anos contra um câncer de garganta — uma batalha que mudou sua voz, mas nunca diminuiu sua presença.

O ator transitou entre a sátira e o Shakespeare com maestria, deixando uma filmografia repleta de performances icônicas, excêntricas e, por vezes, mal compreendidas.

Desde a frieza calculista de Iceman em Top Gun até a alma atormentada de Jim Morrison em The Doors, Kilmer trouxe uma intensidade rara que alimentou sua lenda, mas também complicou sua carreira.

“Trabalhar com Val em Heat foi uma lição de interpretação. Sua capacidade de mergulhar no personagem era brilhante. Depois de tantos anos lutando contra a doença, mantendo seu espírito indomável, esta é uma notícia devastadora.”
— Michael Mann

Kilmer estreou em Top Secret! (1984), mas foi com Top GunReal Genius e Willow que se consolidou como astro dos anos 80. Casou-se com Joanne Whalley, sua colega em Willow, com quem teve dois filhos (Mercedes e Jack), antes de se divorciarem em 1996.

Em Batman Forever, ele assumiu o manto do Morcego após Michael Keaton — uma troca divertida para os fãs, mas que dividiu a crítica. O The New York Times escreveu:

“Val Kilmer é um bom Batman, mas não melhor que Keaton.”

Ele não retornou para a sequência (Batman & Robin), alegando conflitos de agenda, embora o diretor Joel Schumacher tenha dito que Kilmer era “psicótico” nos bastidores.

O Artista que Vivia seus Personagens

Nenhum papel mostrou tanto seu comprometimento quanto Jim Morrison em The Doors (1991). Kilmer decorou todas as letras antes do teste e viveu como Morrison por quase um ano.

“Sua atuação é o melhor do filme — e como quase todas as cenas giram em torno dele, isso não é pouco.”
— Roger Ebert

Até Jennifer Tilly contou uma história icônica:

“Quando ele chegou ao teste de The Doors num conversível dos anos 60, com a música no último volume, todos souberam: o papel já era dele.”

O Desafio do Gênio Difícil

Sua imprevisibilidade era tanto seu charme quanto seu desafio. Em A Ilha do Dr. Moreau (1996), os conflitos nos bastidores viraram lenda, com o diretor John Frankenheimer declarando:

“Duas coisas que nunca farei na vida: escalar o Everest e trabalhar com Val Kilmer de novo.”

Mas mesmo com a fama de “difícil”, seu talento era inquestionável. Seu Doc Holliday em Tombstone (1993) é pura magia — meu papel favorito dele.

Nos anos 2000, Kilmer explorou seu lado filosófico no monólogo Citizen Twain, inspirado em Mark Twain. E, mesmo após perder a voz para o câncer, ele fez um retorno emocionante em Top Gun: Maverick (2022), reencontrando Tom Cruise em uma cena que arrancou lágrimas.

O Legado de um Artista Indomável

Em 2021, o documentário Val revelou sua vida íntima, com imagens caseiras e narração de seu filho. Mostrou um homem complexo, apaixonado, sempre em busca de algo maior — muitas vezes incompreendido, mas nunca comum.

“Até mais, amigo. Vou sentir sua falta. Você era um gênio criativo, desafiador e corajoso. Esses são raros hoje.”
— Josh Brolin

“Val era o ator mais talentoso de sua geração. Um prazer trabalhar com ele e conhecê-lo.”
— Francis Ford Coppola

Kilmer uma vez disse:

“Não faço filmes para fazer amigos. Faço porque amo contar histórias.”

E essa paixão nunca se apagou — nem quando Hollywood o deixou de lado, nem quando sua voz se calou. Sua arte sempre falou, e continuará falando agora que ele se foi.

Val Kilmer deixa dois filhos (Mercedes e Jack) e um legado de performances inesquecíveis.

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Jornalista há mais de 20 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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