A Marvel nos acostumou mal com suas últimas produções de extrema qualidade como o seriado “Demolidor” e “Guardiões da Galáxia”.
E aí, quando chega um filme meia boca, que reúne todos os clichês possíveis, efeitos especiais e toda o manual de blockbusters de Hollywood, como Vingadores: Era de Ultron, a gente quase dorme no cinema.
Nada contra esses filmes descerebrados que só apresentam ação desenfreada e efeitos especiais, mas o que eu gosto mesmo e mais valorizo em um filme é o roteiro. E infelizmente a forma que a história e contada e os personagens são apresentados não me agradou.
Ok vai… o filme não é de todo mal, mas confesso que durante a primeira uma hora e meia não há absolutamente qualquer atrativo, com exceção de boas cenas de ação e o relacionamento entre Viúva Negra e o Hulk.
A moça, interpretada por Scarlet Johanson, usa a “canção de ninar” para acalmar o gigante verde, oferecendo carinho e atenção para o monstro, até que ele retorne a forma humana do cientista Bruce Banner (interpretado por Mark Ruffalo).
A relação entre os dois personagens se desenvolvem durante o filme, mas os eventos que ocorrem à parte infelizmente são tediosos. Inclusive a tentativa de aproximar os heróis (como o Gavião Arqueiro) ao público humano, revelando sua família.
Os diálogos são rasos e parece que faltou um roteirista de calibre para contar a história apresentada no longa.
Tudo parece não fazer sentido e ser jogado à força na cara do espectador apenas para justificar as sequências de pancadarias, poderes e explosões.
Muita coisa não tem explicação e não há profundidade criada entre os heróis ou vilão. Ao invés de explicar com bons diálogos e cenas, eles ficam sentados em uma sala sem falar nada, zoando o martelo, ou lamentando que é difícil ser um herói.
Ultron é um vilão chato, pedante, sem qualquer carisma. Ele faz piadas sem graça, mesmo sendo supostamente uma “inteligência artificial” de ponta e extremamente desenvolvida. Muito diferente dos quadrinhos, que ele se porta e fala como um “deus”, no filme ele é apenas um robô chato que faz piadas infames.
Não há profundidade nas intenções dos heróis, tampouco do vilão. O negócio é passar por cima do inimigo e concluir o objetivo – tanto da parte dos Vingadores quanto de Ultron.
Aliás, fugiram da história original apresentada nos quadrinhos — a qual apresenta o Homem-Formiga como criador de Ultron.
Depois de um bom tempo de enrolação, eis que o filme finalmente dá indícios de que talvez valha a pena: a sequência final.
A batalha contra Ultron e seus pequenos robôs capangas é frenética e divertida. Destaque aí para os filhos do Magneto, Pietro e Wanda, que aparecem no filme como órfãos (sem qualquer menção ao personagem dos X-Men), que se submeteram à experimentos realizados pela Hydra. Ambos estão muito bem no filme e desempenham papéis cruciais para a conclusão da aventura.
Vingadores: Era de Ultron, no final das contas, é um filme mediano. A batalha entre Homem de Ferro e Hulk não é tão legal quanto esperávamos e é um fator secundário no filme (maldita expectativa e hype), e demora muito para finalmente acontecer alguma coisa interessante.
Sorte que há personagens bons para salvar o filme, como a relação engraçadinha dos Vingadores, em que frequentemente há piadas e sarros entre um herói e outro – especialmente com o martelo de Thor.
O problema é que o vilão, supostamente superinteligente, não soa nada inteligente. Soa medíocre. E de fato é medíocre. Tudo que ele tem é força e comentários supérfluos.
Isso faz com que o primeiro Vingadores seja muito mais divertido e legal.
E também nos faz esperar que o próximo filme ao menos invista um pouco mais na dinâmica e na personalidade de seus vilões, pois desta vez deixou muito a desejar. Por favor, não estraguem Thanos no próximo filme!
Vingadores: Era de Ultron
- Diretor: Joss Whedon
- Roteiro: Joss Whedon
- Duração: 141 minutos
- Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans, Mark Ruffalo
- Lançamento: 23 de abril de 2015