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A Casa do Dragão – Episódio 4 | Crítica: Performances

Após três episódios de A Casa do Dragão, já tínhamos uma noção de onde a história poderia seguir. Matemática básica, alguns personagens com sua personalidade em determinadas situações geraria um determinado resultado. Porém, nem tudo o que gostaríamos ou pensávamos que ocorreria funciona da forma esperada, principalmente na franquia Game of Thrones, não é?

O que não esperávamos no seriado é o estrago que Rhaenyra, munida de um extremo tesão, causaria. Perdão pelo uso direto da palavra, caros leitores, mas não há outra que explique tão bem o que vimos no último capítulo. Um adolescente com isso pode literalmente atravessar qualquer regra e até sua própria integridade e é o único elemento que não estava entrando na conta para alavancar a história para frente.

Além de expor como somos manipulados por nossos instintos, também foi muito interessante acompanharmos a jornada do olhar masculino sobre os corpos femininos. Afinal de contas, se fosse um futuro rei, já teria varrido metade dos prostíbulos de Westeros e ainda assim seria aclamado. Então porque o contrário não poderia ocorrer? Opiniões a parte, eles demonstram de forma didática como funciona a nossa sociedade através de coisas que rolam em uma terra fictícia medieval. E é tão claro como a água cristalina.

Os homens que discutem sobre as mulheres

A tensão aumenta em A Casa do Dragão

Gerando uma verdadeira crítica à forma como tratamos as mulheres, A Casa do Dragão se arrisca ao mostrar que temos mais similaridades do que diferenças. Alguns até virão dizer “urr durr, lacração”, mas é uma verdade inegável que construímos muros em torno do que elas podem ou não fazer. Sem ouvi-las ou considerá-las, o que é pior. E Rhaenyra que paga o pato para que isso se faça aparecer.

É bastante impactante também traçarmos um paralelo entre ela e Alicent, que foi basicamente entregue adolescente a um rei idoso para servir como parideira de herdeiros. Enquanto uma testa a liberdade que possui e pode extravasar um pouco de suas vontades, a outra está presa a um relacionamento que não lhe causa emoção alguma. Enquanto uma não enxerga a manipulação e se entrega às ocorrências, a outra consegue ver e não tem o poder para mudar isso.

Alicent também está em uma situação complexa

Tudo isso pode não dizer absolutamente nada para certa parcela do público, que estará preso demais na ideia de ver dragões disparando fogo e nas tramas políticas da série. Inclusive, esta última avançou tão pouco neste que até gera um desconforto. Porém, é um episódio importantíssimo para o desenvolvimento dos personagens e mostrar que eles também participam daquilo como peças centrais, não apenas como peças de um xadrez. Às vezes é no inesperado que isso nos ganha e vemos isso agir nessa semana.

E nisto, a performance de atuação é elevada ao máximo por cada ator envolvido. Matt Smith diverte bêbado e seus olhares são tão assassinos quanto sua espada e seu dragão. Milly Alcock também brilha no papel de uma adolescente na mais pura jornada de auto-descoberta. Afinal de contas, isso que moverá as coisas para o próximo passo na metade final da temporada. Mostrarem a cidade em sua forma mais vil também auxilia na construção de Westeros, já vista por outros heróis de Game of Thrones, mas ausente em A Casa do Dragão até agora.

Saímos um pouco da mitologia para ver mais da sociedade

Falta fogo e sangue

Minha maior crítica é a ausência de ação, um dos elementos mais importantes que temos neste segmento e mostrado de forma mínima até aqui. Estamos no episódio 4 e tivemos um torneio bem “mais ou menos” aqui, uma batalha que só vimos o seu final ali…onde está a emoção e os impactos que nos impulsionam a assistir ao próximo episódio com toda a vontade do universo?

Não me entendam errado, eu gosto muito de ver o crescimento das figuras que fazem parte deste universo. Pode seguir o livro tranquilamente, quais conhecemos por ter vários capítulos ou até mesmo publicações inteiras sem o menor tempero. Porém, para um seriado televisivo, nem sempre não mostrar ou montar um conflito em materiais do gênero pode ser a melhor opção. Até She-Hulk compreende que, por mais que carregue a comédia, precisa mostrar ela distribuindo um soco de vez em quando.

Estou assim esperando por um pouco de ação

Eu não desejo que inventem moda, até porque foi isso que causou a ruína de Game of Thrones. Porém, A Casa do Dragão precisa mostrar bem mais do que apenas a família Targaryen presa dentro de seu castelo. Ainda falta uma metade inteira de temporada, o que pode se revelar uma grande besteira do que estou falando agora. Principalmente pelos “season finale” serem conhecidos por impactarem bastante e agitarem as coisas. Porém, sinto falta mesmo de combates mais diretos e sangue na tela.

Enquanto não tenho nada disso, ao menos estão enriquecendo os heróis e vilões para trazer um pouco mais de profundidade na trama. O que não é ruim, temos de combinar. No meio de tudo isso, quem ganha é quem não tem nada a ver com isso, como o cavaleiro Criston Cole. Não está no meio da grande confusão e leva para casa a maior honra de sua carreira. E também não será diretamente envolvido na confusão que está prestes a se tornar nos próximos passos desta aventura.

A Casa do Dragão será exibido todos os domingos a partir das 22h na HBO Max. Veja mais em Críticas de Séries!

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