O salto temporal de A Casa do Dragão finalmente chegou e pudemos ver, pela primeira vez, os desdobramentos da história de Rhaenyra e Alicent adultas. As intrigas que existiam sobre as duas jovens só aumentam e criam uma tensão política sem igual entre ambas. Apesar de demonstrar o que houve com o restante do elenco e sua diversidade de personagens, o foco está ali escancarado: um conflito que se torna cada episódio mais inevitável.

Porém, ainda que tenha vindo rico em informações e desenvolvimento, esta mesma passagem de tempo atrapalha um pouco a narrativa que estava sendo construída. Queria ver mais dragões e lá estavam eles, o que foi excelente em minha concepção. Porém, de qualquer modo, achei que seguiriam um rumo mais aprofundado do que vi em Game of Thrones e acredito que esteja me enganando sobre isso.

A razão é simples e fácil, condensando uma história e apertando ela ao máximo para caber em episódios que devem chocar e nos trazer algo impactante se perde muito. De que adianta termos uma grande morte ou um choque entre dois personagens se, no fim das contas, aquilo não faz você se importar tanto com a vida deles e saber que pouca diferença estão fazendo ali? Bom, é isso que senti neste sexto capítulo do seriado.

O salto expõe as falhas da produção

Os pulos de A Casa do Dragão

Uma das razões de eu falar isso é mostrarem tão pouco de Harwin Strong em A Casa do Dragão. Não vemos nem um pouco de seu relacionamento com Rhaenyra e como um caso “extra-matrimonial” se tornou tão frequente a ponto de trazer três crianças ao trono. Os poucos momentos que ele tem de tela, me fizeram gostar bastante dele. Porém, nos arrancam o personagem dali de forma tão rápida que acaba nem importando muito sua presença ou não na trama.

E sabem qual a pior parte? Acredito que teria uma importância bem maior se tivessem trabalhado mais em questão de uns dois episódios ao invés de correrem com todo o seu destino em um só. Eu sei que a série possui apenas dez deles, o que obriga a produção a correr um pouco com as histórias e pular pontos importantes no aprofundamento destes. Porém, acredito estar muito claro o foco em Rhaenyra, Allicent e Daemon. O resto? Podem pular e cortar tudo, “não tem problema”.

Vindo de Game of Thrones, onde aprendemos a gostar de diversos deles, desde cada membro da Casa Stark até Tyrion & Jaime Lannister, Daenerys, da jornada de Jon Snow na Muralha etc. isso é preocupante. O Casamento Vermelho, por exemplo, na obra original é um choque imenso dentro daquela história. Mesmo a morte da amada de Robb Stark, que mal participa tanto daquilo, é tensa. Aqui matam e eu não sinto absolutamente nada. E, aparentemente, nem os personagens.

Aqui os maiores impactos que ocorreram não oferecem consequências

Um exemplo disso é Cristin Cole continuar aprontando as suas dentro do castelo, mesmo sob a proteção da própria rainha de seu pescoço. Leanor Velaryon convive no mesmo local que o assassino do seu amado no passado e parece que não houve consequência alguma em A Casa do Dragão. Eu compreendo que Alicent deve ter batido o pé para continuar com ele por ali, mas cadê os assassinatos secretos por veneno, membros das sombras e tudo o que tornava isso interessante?

Temos de ser sinceros aqui, esta correria toda em gerar estes micro conflitos e pular no tempo tira todo o impacto daquilo que foi construído. Este episódio começa sem se importar nada que o último terminou com um casamento que teve o rosto de alguém amassado aos socos no chão e virado gosma de sangue. Particularmente falando, eu não consegui “deixar para lá”. Assim como acreditei que dariam mais importância para Harwin Strong, Laena Velaryon e diversos outros que funcionam apenas como trampolim aos principais para agirem.

Laena acalmou o espírito raivoso de Daemon Targaryen

Um bom episódio com falhas expostas

Não se enganem, caros leitores, este episódio teve muito do que gostei apesar das reclamações. Laena, por exemplo, mostra que alguém além de Rhaenyra teve o coração de Daemon e o deixou ao menos mais tranquilo no decorrer dos anos. Ver o personagem cuidar da filha, dar atenção à esposa e tentar resolver algumas coisas pensando me surpreendeu muito positivamente.

Além disso, trazer algumas filosofias para A Casa do Dragão me deixou mais interessando neste universo do que antes. Quando Leanor afirma que “quando chega a tempestade, o marinheiro sábio foge dela”, eu achei aquilo estranhamente genial de se dizer sobre os acontecimentos do castelo. Principalmente por sua família vir do domínio marítimo. Ou quando Daemon toma o caminho contrário de Viserys sobre o parto de uma de suas crianças, mostrando o quanto é diferente do próprio irmão.

A chegada das crianças trouxe também um novo ar para a série. Com pequenas intrigas entre elas impactando as ações das cabeças que dominam a política do lugar, mal posso esperar para ver onde isso pode parar em breve. Quem assistiu vai dar boas risadas com o porco, por exemplo. Ou com Alicent tentando iluminar a mente do seu “genial” filho sobre a sua existência ser uma grande ameaça para Rhaenyra. Acredito que os desdobramentos disso serão catastróficos.

Larys ganha um papel maior nessa política

Falando nela, por fim, que personagem extremamente chata ela se tornou. Desculpem aos fãs, mas eu sentia mais empatia por Cersei Lannister do que pelo que estou vendo da atual rainha. O ranço é instantâneo ao pedir para ver a criança no momento que ela acabou de sair do parto e não melhora com o decorrer do episódio. Pelamor, né? Ainda que ela tenha guardado a carta de Cristin Cole na manga e de Larys Strong, ambos ressaltam o desserviço à personagem que construíram na série. Espero que minha opinião sobre ela mude nesta reta final.

De qualquer modo, o importante é que veremos dragões voando pelos céus e isso vai criar uma nova era para Westeros. Alicent está decidida que seus filhos tenham os répteis, enquanto Rhaenyra também carrega os seus sob suas asas, além do próprio Daemon e suas crias. A exibição dos poderes atuais de cada um fará disso um verdadeiro show de fogo nos céus. Será que até o fim da temporada veremos algum embate entre eles?

A Casa do Dragão será exibido todos os domingos a partir das 22h na HBO Max. Veja mais em Críticas de Séries!

Inscrever-se
Notificar de
guest

2 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Mailda Lopes
Mailda Lopes
2 anos atrás

Concordo com tudo que vc disse mas, para mim, o que apagou um pouco do brilho deste série, foi o fato de que eles escolheram atores e atrizes quase que da mesma idade que os anteriores. Ora se a passegem temporal trouxe à princesa Rhanyra 3 filhos, por favor né, a atriz atual aparenta ter 18 anos, o marido então???!!??! Aff, isso pq ñ falei da nova atriz da rainha, que tbm parece mais jovem que sua antecessora. Depois deste EP 06,estou me esforçando para continuar assistindo, vou tentar dar mais uma chance à série.

ANDRE
ANDRE
2 anos atrás

Tive a impressão de ter perdido uns 5 episódios do quinto para o sexto. Parecia uma outra série.
Estava muito empolgado com a série. Vamos ver se as próximas tragam a empolgação novamente.

Pin