Pois bem, caros leitores das críticas de A Casa do Dragão: Viserys está morto, de uma vez por todas. O falecimento do rei, qual não é confirmado se foi causado por causas naturais ou não, abriu uma grandiosa brecha para um golpe dos Hightower para ascender ao poder. Enquanto vemos Otto articulando cada passo para tomar a liderança disso atrás de Aegon, Alicent mostra ao que veio e toma a dianteira para não permitir a barbaridade que está por vir.
Em um episódio sem Rhaenyra e Daemon, qual tinha tudo para dar errado, acerta em cheio ao mostrar como funcionou todos os movimentos de um dos lados antes de entrarmos no mortal combate que está por vir. Todos nós sabemos como isso termina, assim como Otto sabe estar certo ao determinar que a princesa seja assassinada antes que milhões morram em uma possível guerra. Porém, nem tudo é tão mal a ponto de ser vilanizado…assim como nada ali é tão bom para assumir seu heroísmo.
São vidas humanas, desacostumadas a ter um poder tão grande nas mãos e agem de forma irresponsável quando ele surge desta forma. Em meio a toda a confusão, Otto, Alicent, Aegon, Aemond e até mesmo Helaena, se tornam o epicentro de um grande caos no reino para assumir o trono de ferro de uma vez por todas. Além de uma gloriosa bagunça, eles mostram o inevitável: que não estão tão prontos assim para governar Westeros e o povo sabe disso.
O trono de ferro em A Casa do Dragão
É perceptível em A Casa do Dragão o temor das pessoas pela forma como o trono é “usurpado”. Na cena com os lordes de diversas casas, enquanto bem sabemos que alguns se curvam apenas por serem meros traíras mesmo, outros o fazem por medo e demonstram a natureza humana da forma mais triste possível. Porém, as cenas onde vemos determinados personagens se portando contra a ação, mostra como é fenomenal enxergar alguém lutando por uma causa de forma tão autêntica.
Um dos exemplos disso é Beesbury, que foi amigo de Viserys e bateu o pé contra o Conselho que tão bem aceitou a história de Alicent. Ele era o que conhecia o antigo rei há mais tempo e sabia bem que a opinião dele não teria mudado assim. Harrold Westerling é outro, cuja frase derruba qualquer tentativa de movimentação militar que poderia ter sido vista. “Só respondo ao rei e, enquanto nenhum estiver nesta posição, não há nada o que eu possa fazer”. Se antes era apenas uma sombra que aparecia em um episódio ou outro, ali me convenceu de sua importância dentro da trama.
Isso sem contar com a própria Verme Branco, mostrando ao que veio e botando todos em cheque ao assumir um papel complicadíssimo de lembrar o quanto o povo de Westeros tem poder. Enquanto enfrentam o caos, eles também são relembrados que estão no poder apenas por permissão das pessoas e precisam cuidar da população além de fazerem suas gloriosas festas e tramar golpes políticos. Foi um tremendo choque e assumo que não esperava este tipo de interação dentro da série.
Porém, temos de combinar algo aqui, independente se gostou ou não do episódio de A Casa do Dragão. Se você gostou da atuação de Paddy Considine no capítulo 8, desta vez chegou a vez de Olivia Cooke brilhar em atuação e demonstrar que não carrega o co-protagonismo ali à toa. Seu nível ali se eleva tanto que, por bem ou por mal, nos esquecemos totalmente que ela é uma atriz e não de fato aquela personagem passando por diversos problemas apenas para manter a sua ideia viva.
Eu realmente achei que, sem Emma D’Arcy e Matt Smith tudo se tornaria insustentável de ser assistido, mas me enganei grandiosamente. E não apenas Cooke como Alicent, Tom Glynn-Carney como Aegon e Ewan Mitchell como Aemond também são espetaculares e mostra muito bem como é a posição dos dois irmãos perante essa tomada ao poder. Se tudo parece um grande épico nos pouco mais de 50 minutos de duração, é graças a todos eles fazendo valer o papel dentro da HBO Max.
O poder dos detalhes
Já em questão de história, não falarei muito para não entregar spoilers do que acontece e o que podemos ver no episódio final desta temporada, que irá ao ar na semana que vem. Porém, gostaria de deixar alguns leves comentários para analisarmos bem toda a situação e não deixar nada de fora ao público sedento por mais deste universo enquanto aguarda até lá.
Uma é das coisas que gostaria de falar é as visões de Helaena sobre o futuro de A Casa do Dragão. Se antes era perceptível que ela realmente enxergava algo, mas acabava sendo deixado de segundo plano, agora suas previsões se tornam um dos pontos centrais que acompanham a história. Ver ela bordando uma aranha momentos antes de Alicent descobrir os espiões do pai, por exemplo, é de uma beleza representativa sem tamanho. E o “monstro no assoalho” que ela vem comentando a, no mínimo, uns dois episódios?
Outra que merece um destaque é Rhaenys Targaryen. Se existisse um “Craque da Partida” dentro do capítulo 9, com certeza veríamos ela carregando este título facilmente. A personagem, mesmo presa, mostra que será um desafio e tanto para os atuais regentes encararem e, ainda que mude este status para fugitiva, não deixa barato e mostra exatamente ao que veio e o que devem esperar da dama. Afinal de contas, ela não é esposa de Corlys e mãe de Laenor & Laena à toa. Se todos ali se mostraram guerreiros natos e uma força a ser temida, óbvio que ela não ficaria para trás.
Entre as maquinações de Otto e Larys, as intrigas dentro da própria família de Viserys e Alicent, o posicionamento do povo e lordes, as alianças e traições, foi entregue um dos melhores episódios possíveis que o seriado tinha a oferecer. Meu favorito ainda é o anterior, por sua representação e por reunir o elenco de forma “amistosa” pela última vez. Ainda assim, este não deixa nada a dever e mostra que podemos ter um dos maiores season finales de toda a franquia.
Agora, só nos resta aguardar pelo que trarão dentro dele e ver essa trama evoluir a ponto de nos empolgar para o próximo ano.
A Casa do Dragão será exibido todos os domingos a partir das 22h na HBO Max. Veja mais em Críticas de Séries!